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Propaganda cruzada e voos diretos: as táticas do Brasil para bater recorde de turistas

País já recebeu 7 milhões de viajantes estrangeiros este ano, maior volume da história

Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, um dos cartões-postais do Brasil (Leandro Fonseca/Exame)

Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, um dos cartões-postais do Brasil (Leandro Fonseca/Exame)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 08h01.

O Brasil nunca recebeu tantos turistas estrangeiros. De janeiro a setembro, foram 7,09 milhões, segundo a Embratur. É o maior volume para um ano na história. Em 2024 inteiro, foram 6,65 milhões. 

A maioria veio de países vizinhos. Os argentinos, que somaram 2,7 milhões, lideram a lista há anos, mas houve uma mudança em 2025: o Chile, com 604 mil visitantes, ultrapassou os Estados Unidos (564 mil) e assumiu o segundo lugar em preferência. 

Para aumentar o número de turistas, a Embratur, agência estatal que divulga o Brasil o exterior, adotou uma série de táticas, como a de divulgar novos destinos e fazer propaganda cruzada entre as cidades.

Marcelo Freixo, presidente da Embratur, conta à EXAME que o ponto de partida foi a inteligência de dados, que levou à criação de estratégias direcionadas para cada público e país. As iniciativas foram unidas em um projeto chamado Plano Brasis.

“O plano define diretrizes claras, desde a estratégia nacional até os planos de ação regionais, orientando estados e seus destinos turísticos a agir de forma integrada, sustentável e orientada por resultados”, diz Freixo.

"No caso da América Latina, o avanço é reflexo direto de uma estratégia de integração regional, pautada no estreitamento de laços culturais e na reconstrução de pontes históricas”, afirma.

“Implementamos estratégias personalizadas para cada mercado, como Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Colômbia, priorizando conectividade aérea e experiências culturais autênticas", prossegue. 

Propaganda cruzada

Uma das táticas é divulgar, em parceria com cidades estrangeiras, cidades brasileiras menos conhecidas no exterior, como Belo Horizonte. Assim, houve maior divulgação da capital mineira em Santiago, no Chile, e do turismo no Chile entre os mineiros.

Santiago e BH também têm voos diretos, o que facilita as viagens entre os dois destinos.

O projeto da Embratur prevê, ainda, a divulgação de mais destinos pelo Brasil, de modo a espalhar o turismo por mais cidades e estados do país.

“O Brasil tem uma oferta muito grande de experiências novas para o turista latino. Muitos passaram a conhecer em maior volume neste ano destinos como os Lençois Maranhenses, as nossas chapadas Diamantina, dos Veadeiros, a dos Guimarães e a das Mesas; ou nossas cidades históricas no interior de Minas e de Goiás, por exemplo”, diz Freixo.

“O próprio interior do Rio de Janeiro passou a entrar na rota do turista latino, que antes ficava apenas na capital”, afirma.

Planos para 2026

Freixo diz que o aumento do volume de turistas de fora deve seguir em 2026, puxado por mais rotas aéreas e pelo velho boca-a-boca.

“Nossa inteligência de dados já identifica que deveremos manter uma trajetória de crescimento para o primeiro trimestre de 2026 em mercados-chave como Argentina, Colômbia e Peru. Isso se deve ao contínuo incremento de conectividade, com o anúncio de novas rotas para novos destinos brasileiros”, diz Freixo.

“Toda essa gente vai indicar para amigos, familiares e esse movimento só tende a crescer”, diz. 

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