Brasil

Projeto vai qualificar mulheres para a construção civil

Após ser implementado no Rio, projeto Mão na Massa será levado agora para outros estados do país

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2012 às 13h49.

Rio de Janeiro – O projeto Mão na Massa, que depois de cinco anos de existência já formou cerca de 370 operárias, vai ultrapassar os limites da cidade do Rio e qualificar mulheres de outros estados do Brasil no segmento da construção civil.

“Muitos municípios de fora do Rio demonstraram interesse em adotar nossa metodologia e tecnologia e por causa dessa forte demanda apresentamos aos nossos patrocinadores um projeto para oito localidades do Brasil que já foi pré-aprovado. A ideia é expandir o projeto a partir do semestre que vem”, informou a idealizadora do Mão na Massa, a engenheira Deise Gravina. “Inicialmente, vamos para Bahia, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais, além de outros municípios aqui do Rio”.

Graças ao projeto, patrocinado pela Petrobras, Eletrobras e pela Fundação Interamericana (IAF), pintoras, carpinteiras, armadoras e eletricistas estão sendo inseridas desde 2008 em um setor ainda dominado por homens.

Segundo Deise, o preconceito já foi quebrado e as mulheres provaram seu talento e competência na área. “O desafio agora é provar para as empresas que os custos com uma nova logística, como vestiário e banheiro femininos, são supridos pela economia e a qualidade que a operária traz”, explicou a engenheira.

“Durante três meses, uma empresa acompanhou o trabalho de um grupo de mulheres e de homens. A conclusão foi que, embora as mulheres não sejam tão fortes, são mais econômicas e cuidadosas, sobretudo, no acabamento. O retorno da mão de obra das mulheres é muito bom”, destacou.

Para participar do curso é necessário ter entre 18 e 45 anos e ter completado, no mínimo, o 5º ano do ensino fundamental. As aulas têm duração de seis meses (460 horas), de segunda a sexta-feira, na parte da manhã. As alunas recebem apostila, material escolar, equipamento de proteção individual, vale-transporte e lanche.

A equipe conta com cerca de 30 profissionais que ensinam disciplinas diversas “desde matemática à nutrição, cidadania à educação física, segurança do trabalho, dicas sobre postura na hora de carregar peso na obra, aulas práticas”, descreveu Deise.


A etapa prática dura dois meses e é realizada em um canteiro de obras do município. Nesse período, é oferecida uma bolsa-auxílio de R$ 200 mensais às alunas. Ao final do curso, a recém-formadas recebem um kit de ferramentas para facilitar o acesso ao emprego.

Todas as alunas estão cadastradas em um banco de empregos do projeto e quando uma obra ou um contrato de trabalho é encerrado, as operárias que estiverem desempregadas são remanejadas para outras empresas clientes.

A carpinteira Simone Frazão da Silva, 39 anos, terminou o curso em janeiro de 2011, foi contratada ainda no período de estágio e hoje trabalha nas obras do Estádio do Maracanã. Antes de se tornar carpinteira, Simone ganhava R$ 680 em uma fábrica de cosméticos. Hoje, ganha mais de R$ 1 mil, sem contar as horas extras. “Graças ao curso estou ganhando o suficiente para pagar um curso de técnico em edificação. Vou continuar na área da construção civil e ganhar ainda melhor [mais de R$ 3 mil] e vou poder comprar uma casinha para os meus pais.”

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego apontam que, entre 2007 e 2009, o número de mulheres contratadas nas empresas da construção cresceu 44,5%. Em 2009, o setor da construção registrou um aumento de 32,65% nas contratações, passando para mais de 2,221 milhões de trabalhadores. Desse total, cerca de 172,734 mil eram mulheres (7,78%).

Acompanhe tudo sobre:Indústrias em geralgestao-de-negociosMulheresProfissõesIndústriaTreinamentoConstrução civil

Mais de Brasil

Fachin decidirá se Fux continuará julgando trama golpista após mudança de Turma no STF

STF manda reabrir investigação contra Valdemar Costa Neto por trama golpista

Por 4 votos a 1, STF condena sete réus do núcleo de desinformação de trama golpista

Câmara aprova pacote de segurança que eleva pena de homicídio contra policiais e pune 'novo cangaço'