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Projeto quer vetar aposentadoria de parlamentar condenado por corrupção

Senado concedeu benefício no valor de R$ 11,5 mil a Delcídio Amaral, cassado em 2016 por quebra de decoro ao tentar obstruir investigação da Lava Jato

Congresso: projeto foi apresentado pelo partido Podemos (Paulo Whitaker/Reuters)

Congresso: projeto foi apresentado pelo partido Podemos (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de julho de 2019 às 16h10.

Última atualização em 3 de julho de 2019 às 16h52.

São Paulo — O Podemos quer modificar as regras do plano de previdência parlamentar para impedir a aposentadoria de deputados e senadores cassados e condenados em instância superior pelo Poder Judiciário, por envolvimento em casos de corrupção. Pelo projeto, esses parlamentares seriam excluídos do Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC).

Na segunda-feira, 1, o Senado concedeu aposentadoria especial ao ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS). Ele foi cassado em 2016 por quebra de decoro - por tentar obstruir a investigação da Lava Jato no episódio do suposto favorecimento ao ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

Delcídio vai receber benefício mensal bruto de R$ 11,5 mil, equivalentes a um terço da remuneração dos senadores em atividade (R$ 33,7 mil).

Ele foi líder do Governo Dilma no Senado. Preso em novembro de 2015, conseguiu a liberdade em fevereiro do ano seguinte quando fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.

Em sua delação, Delcídio disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria participado do esquema para comprar o silêncio de Cerveró. Lula acabou absolvido.

"Neste momento em que se discute a reforma da Previdência e todos estão conscientes de que há que se fazer sacrifícios para garantirmos um sistema de aposentadoria saudável às futuras gerações, é preciso rever também esses casos de aposentadorias de parlamentares envolvidos em esquemas de corrupção", afirma a deputada Renata Abreu.

Um dos autores do projeto, o deputado federal José Neto (GO), líder do Podemos na Câmara, anota que o partido estuda apresentar requerimento para que a matéria tramite em caráter de urgência, o que dispensaria algumas formalidades regimentais e daria celeridade à votação da proposta.

"Não é justo nem socialmente aceitável que um parlamentar que tenha eu mandato interrompido por cassação e que tenha sofrido condenação criminal por corrupção logre ver o fim de sua carreira política premiado por uma aposentadoria especial. Não é correto que um parlamentar honesto e de boa índole tenha o mesmo benefício daquele parlamentar que, atuando à sombra da lei, tenha desviado recursos, recebido propina, manobrado de maneira vil e atuado em detrimento dos valores maiores da República", diz o texto do projeto.

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