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Progressão continuada deve ser revista, propõe sindicato

Apeoesp avalia que o modelo de progressão continuada não deve ser descartado, mas, sim, revisto


	Sala de aula: 44% dos pais, 75% dos alunos e 63% dos professores criticam sistema formado por ciclos nos quais os estudantes passam de ano automaticamente
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Sala de aula: 44% dos pais, 75% dos alunos e 63% dos professores criticam sistema formado por ciclos nos quais os estudantes passam de ano automaticamente (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2014 às 16h21.

São Paulo - Apesar de os integrantes do corpo escolar terem manifestado, em pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), forte rejeição ao modelo de progressão continuada, a entidade avalia que ele não deve ser descartado, mas, sim, revisto.

O estudo, que avalia a qualidade da educação nas escolas do estado paulista, aponta que 94% dos pais, 75% dos alunos e 63% dos professores criticam o sistema pedagógico formado por ciclos, nos quais os estudantes passam automaticamente para a etapa seguinte.

“Nós não temos como ser a favor desse [modelo de progressão continuada] que está aí. Ele vai ao encontro do que foi mostrado na pesquisa: quase 800 mil alunos passam sem saber da matéria”, apontou a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha. Ela critica o foco desse modelo no ato de aprovar ou reprovar os alunos. “Ele [modelo] deve ser entendido como um conjunto de medidas que caminham para a progressão”, declarou. Segundo o estudo, 46% dos alunos da rede estadual admitiu ter passado de ano sem aprender a matéria.

Izabel avalia que a mudança anunciada no ano passado pelo governo estadual, que ampliou os ciclos de dois para três, aumentando a possibilidade de reprovação, não são suficientes. “Junto com essas alterações tem que ter um conjunto de medidas para chegar a um desenvolvimento pleno desses jovens em cada ciclo”, apontou. Ela destaca ainda a necessidade de compor conselhos de classe para que a avaliação dos alunos seja feita conjuntamente com professores de diferentes disciplinas.

O estudo, encomendado pelo sindicato ao Instituto Data Popular, utilizou metodologias quantitativa e qualitativa. Foram feitos oito grupos de discussão e 2,1 mil entrevistas, divididas em três grupos: professores de escolas estaduais de ensino fundamental e médio, alunos de 14 anos ou mais dessas escolas e os respectivos pais ou mães.

A pesquisa revela que a falta de segurança é o principal problema da rede estadual de ensino, tendo sido citada por 32% dos professores, 37% dos pais e 25% dos alunos. A progressão continuada (11%) aparece em segunda posição entre os educadores e, em terceiro, a falta de estrutura (8%). Para os responsáveis, os alunos desrespeitosos (14%) e a falta de professores (10%) foram os itens considerados mais problemáticos. Já os estudantes citaram os alunos desrespeitosos (23%) e a falta de interesse dos alunos (10%).


Sobre o fator que mais interfere na qualidade da educação, os entrevistados indicaram, em primeiro lugar, a qualificação e preparo dos professores. Esse item foi destacado por 39% dos professores, 34% dos pais e 40% dos alunos. “Há uma necessidade de se ter essa valorização, no que diz respeito a salário, condições de trabalho, infraestrutura. Sem professores, não é possível avançar na qualidade do ensino”, avaliou a presidenta da Apeoesp. A pesquisa destaca ainda, como principal papel da escola, a tarefa de formar cidadãos. O item foi citado por 48% dos pais e 28% dos alunos.

O estudo também apurou a presença de casos de discriminação nas escolas. O preconceito contra homossexuais foi citado em maior proporção por professores (36%) e alunos (35%). Entre os pais, a discriminação racial foi a mais citada, com 19%. Ao serem questionados se tinham conhecimento ou se tinham presenciado alguma situação de discriminação contra alunos, também foram relatados casos de preconceito contra nordestinos, pobres, deficientes físicos e mulheres.

A Secretaria de Educação do estado disse, por meio de nota, que acredita em uma atuação conjunta, envolvendo polícia, comunidade escolar e família, para o enfrentamento à violência nas escolas. Informou que a pasta conta com 2.688 professores especializados em prevenir conflitos, que são capacitados para criar ações preventivas nas escolas e aproximar a comunidade das unidades de ensino.

Sobre a valorização dos professores, o órgão destacou que até julho deste ano o governo pretende conceder aumento escalonado de 45%. Destacou ainda que o valor do piso pago em São Paulo é 42% acima do nacional.

Em relação à progressão continuada, a secretaria considera “equivocado dizer que há ausência de reprovação na rede estadual”. Na avaliação do órgão, o modelo foi aperfeiçoado no final do ano e as possibilidades de retenção foram ampliadas, permitindo que eventuais defasagens de conhecimento sejam corrigidas mais prematuramente. A nota informou ainda que os 4 milhões de alunos do estado são constantemente avaliados, recebem boletins escolares bimestralmente e podem optar por três diferentes modalidades de recuperação.

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