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É incompreensível reduzir quadros da Lava Jato, diz procurador

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima apontou para o enxugamento do efetivo de delegados na operação

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da operação Lava Jato (Heuler Andrey/Reuters)

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da operação Lava Jato (Heuler Andrey/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de maio de 2017 às 15h25.

Última atualização em 6 de julho de 2017 às 15h28.

Curitiba e São Paulo - "É incompreensível" a redução do quadro de delegados de Polícia Federal na Operação Lava Jato, declarou nesta sexta-feira, 26, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba.

Em meio à deflagração da Operação Poço Seco, 41ª etapa da Lava Jato que mira o ex-gerente da Petrobras Pedro Augusto Cortes Xavier Bastos e o banqueiro José Augusto Ferreira, o procurador apontou para o enxugamento do efetivo de delegados na operação.

"Podemos dizer que são fatos, uma redução da equipe da operação na Polícia Federal", assinalou Carlos Lima.

"Segundo eu soube, o Igor (Romário, chefe da equipe da PF na Lava Jato em Curitiba) pode confirmar a redução de nove delegados para quatro, a informação que eu tive na última reunião. A operação em Curitiba não está diminuindo, ao contrário, vamos ter muito serviço, novos fatos, e todas as acusações que temos que proceder", disse.

Santos Lima declarou.

"Importante que se compreenda, talvez a Direção-Geral da Polícia Federal compreenda que precisamos manter uma equipe que realmente dê condições de suporte às medidas que vão ser tomadas daqui para a frente, investigações que vão se desenvolver."

O procurador se referiu aos acordos de leniência que estão sendo fechados com a JBS.

"Possivelmente, uma parte (das investigações) virá para Curitiba. Incompreensível para nós essa redução para apenas quatro delegados."

Na mesa em que Santos Lima dava entrevista sobre a fase 41 da Lava Jato, o delegado Igor Romário de Paula apresentou um outro número, mas ressaltou.

"Realmente, além de mim, mais cinco delegados, temos enfrentado um problema objetivo. Grande parte do nosso efetivo vem de fora, Rio, São Paulo e Brasília, (policiais) que trabalhavam aqui."

Igor Romário observou que os efetivos, agora, estão tendo que se deslocar para outros Estados a fim de dar conta de procedimentos abertos com base nas delações dos 77 executivos da Odebrecht.

Segundo o delegado, o volume de demandas em Curitiba "foi temporariamente menor".

Nas últimas semanas, a PF está redirecionando quadros para Brasília.

"De fato, com o número que temos hoje fica difícil dar continuidade, prosseguimento da forma como sempre foi. Estamos tentando recompor. Na equipe de agentes e analistas não houve redução tão grande. Dificuldade maior hoje é com o número de delegados. Mas, enfim, temos que tentar recompor da forma como possível."

O delegado não fez especulações sobre eventual interferência do governo na Lava Jato.

"Eu falo do ponto de vista administrativo interno da Polícia Federal. Se há alguma articulação maior, mais ampla, eu não sei dizer. A dificuldade operacional a gente vai ter que superar."

Igor observou que estão em curso 120 procedimentos instaurados no âmbito da PF em Curitiba.

"Quanto maior a equipe disponível, melhor vai ser o trabalho desenvolvido.

" Ele defendeu equipes com a "qualificação necessária".

"Eu não vejo indícios de qualquer tipo de influência para tentar barrar a investigação aqui (em Curitiba). Vejo limitação em função da disseminação da investigação. São 17 Estados que vão receber desdobramentos. Realmente, fica difícil continuar recebendo gente para cá", finalizou.

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