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Prisão de Lula acelera tendência conservadora na América Latina, diz WSJ

O The Wall Street Journal discute, a partir dos ideais de Jair Bolsonaro, a ascensão de grupos evangélicos e a insatisfação do país com a corrupção

Bolsonaro: segundo a reportagem, no Brasil, a ascensão do conservadorismo estaria traduzida na figura do candidato (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Bolsonaro: segundo a reportagem, no Brasil, a ascensão do conservadorismo estaria traduzida na figura do candidato (Rodolfo Buhrer/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de abril de 2018 às 11h39.

Última atualização em 9 de abril de 2018 às 11h47.

São Paulo - A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último sábado, 7, marca uma nova baixa para o socialismo da América Latina e acelera a tendência conservadora no continente, segundo reportagem especial publicada nas versões impressa e online do "The Wall Street Journal (WSJ)", nesta segunda-feira, 9.

Com a foto de um outdoor no qual aparece uma propaganda do pré-candidato à Presidência, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o jornal destaca a ascensão de grupos evangélicos e a insatisfação crescente com a ilegalidade como fenômenos que lideram a guinada à direita no País.

De acordo com o jornal, a esquerda brasileira, "antes vista como moralmente superior", ficou manchada por seus laços com o governo da Venezuela e pelo escândalo de corrupção na Petrobras, que desencadeou a Operação Lava Jato.

Isso teria dado espaço para a parcela mais conservadora da população "sair do armário", diz a publicação, citando o professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas Matias Spektor.

"Pautas conservadoras a favor de leis que restringem o acesso a armas, reduzem a maioridade penal de 18 para 16 anos e a proibição do aborto até em casos de estupro estão ganhando força no Congresso", diz a reportagem.

O movimento está deixando os cidadãos liberais preocupados, uma vez que o Brasil está entre os países com maior desigualdade do mundo, tem racismo enraizado e só começou a avançar em direitos das mulheres e minorias recentemente, segundo o jornal.

A tendência conservadora na América Latina teria começado com o afastamento do socialismo desde o fim do boom das commodities liderado pela China.

"Com o esvaziamento dos cofres dos governos, a chamada "maré rosa" das lideranças de esquerda começou a baixar, começando pela eleição de 2015 na Argentina, que teve Mauricio Macri, empresário de centro-direita, como vencedor", salienta a reportagem.

No Brasil, a ascensão do conservadorismo estaria traduzida na figura de Bolsonaro, cristão devoto que "se candidata à Presidência com uma plataforma pró-armamento, antiaborto e contra direitos dos homossexuais" e tem cerca de 20% das intenções de voto. A matéria ressalta a comparação frequente do pré-candidato à figura de Donald Trump.

"Assim como o presidente americano, Bolsonaro é pai de cinco e agora casado com sua terceira esposa, mas faz campanha como defensor da família tradicional", diz o texto.

"Seus comentários - inclusive dizer a uma deputada que ela não era bonita o suficiente para ser estuprada - são vistos como sinal de honestidade", afirmou o The Wall Street Journal. "Em seu sétimo mandato como deputado federal, Bolsonaro continua imune aos principais escândalos do País".

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