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Prisão de João Paulo deve ficar para início de fevereiro

Presidente do STF adiou início da execução da pena ao sair de férias sem assinar o mandado de prisão do petista

Advogado de João Paulo Cunha fala durante sessão do STF que julgou o Mensalão, em Agosto de 2012 (Nelson Jr./SCO/STF)

Advogado de João Paulo Cunha fala durante sessão do STF que julgou o Mensalão, em Agosto de 2012 (Nelson Jr./SCO/STF)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2014 às 19h24.

Brasília - Ao sair de férias sem assinar o mandado de prisão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, adiou para o início de fevereiro o início da execução da pena do petista. Integrantes do STF e o advogado de Cunha, Alberto Toron, avaliam que o regimento interno estabelece que somente o presidente da Corte, como relator do caso, poderia determinar a prisão.

Nesse sentido, a presidente em exercício, Cármen Lúcia, não teria poder para determinar, durante o recesso do tribunal, a execução da pena. Durante o recesso, o presidente do STF pode decidir questões urgentes, como pedidos de liminar em habeas corpus. A execução da pena não se enquadraria nessa condição. Além disso, o regimento determina que a execução da pena é atribuição do relator do processo. No caso do mensalão, o relator foi o ministro Joaquim Barbosa. Só ele, portanto, poderia determinar a prisão.

"Ela (Cármen Lúcia) age como presidente do Supremo e não como relatora", afirmou Toron ao Estado. "É atribuição exclusiva do relator e por isso (o mandado de prisão) ainda não foi expedido", acrescentou o advogado.

Apesar disso, os documentos relativos ao processo foram todos encaminhados para o gabinete da ministra Cármen Lúcia. Caberia a ela a avaliação se poderia ou não decidir o caso. De acordo com Toron, o gabinete informou à defesa que o mandado de prisão aguardaria o retorno de Joaquim Barbosa das férias.

O petista ficou nesta quarta-feira, 8, durante todo o dia em seu apartamento funcional em Brasília. Recebeu visitas de correligionários, como os ex-deputados Virgilio Guimarães (MG) e Paulo Rocha (PA), que não quiseram falar com a imprensa. Da janela do carro, conduzido por Paulo Rocha, Guimarães apenas disse que "veio visitar um amigo, um companheiro e inocente". O encontro durou cerca de uma hora e meia. Antes dessa visita, João Paulo recebeu José Rainha Júnior, líder do "MST da Base", dissidência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e o presidente do presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Lopes.

Num provável último almoço em liberdade antes da expedição do mandado de sua prisão, João Paulo fez uma série de avaliações sobre o quadro eleitoral deste ano. Parte da conversa pôde ser ouvida por jornalistas pela janela do apartamento do deputado. Na ocasião, o petista avaliou a situação da presidente Dilma Rousseff e fez o seguinte comentário: "Dilma fala que está tudo bem. Ter 40% (aprovação nas pesquisas) para uma eleição às vezes não é mais difícil do que chegar a 51%. De zero a 40% vai, mas de 40% para 51%?", comentou sobre o índice necessário para a eleição de um candidato.

O nome do possível candidato do PSDB para o Planalto, senador Aécio Neves, também foi comentado diversas vezes durante o almoço realizado entre meio-dia e 13h30. Para o petista, Aécio não representa o novo, uma novidade. João Paulo Cunha também fez comentários sobre o segundo adversário, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Na análise do ex-presidente da Câmara, Campos encontrará dificuldade na eleição em razão da falta de capilaridade nos Estados.

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