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Prisão de Cabral enfraquece Pezão, dizem servidores

Pezão é sucessor e afilhado político de Cabral, e foi seu secretário de Obras e vice-governador

Pezão: hoje, os deputados irão debater itens impopulares (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil)

Pezão: hoje, os deputados irão debater itens impopulares (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de novembro de 2016 às 14h23.

Rio de Janeiro - Servidores públicos do Estado do Rio que participam de protesto na porta da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta terça-feira, 22, contra o pacote de medidas anticrise que está sendo discutido pelos deputados, acreditam que a prisão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) fortalece os atos do funcionalismo e enfraquece o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que propôs as medidas.

Pezão é sucessor e afilhado político de Cabral, e foi seu secretário de Obras e vice-governador. Eles culpam a corrupção pela crise financeira que motivou o pacote - associação feita também pelo Ministério Público Federal no pedido de prisão de Cabral.

Este é o primeiro protesto grande dos servidores após a prisão do peemedebista pela Polícia Federal, ocorrida na última quinta-feira. Ele é acusado de comandar um esquema que recebeu pelo menos R$ 224 milhões em propinas pagas por empreiteiras que realizaram obras no Estado durante seus dois mandatos (2007-2014).

"Não há como separar Cabral de Pezão. Não sejamos ingênuos. Por que o nome dele (Pezão) não veio à tona ainda? Porque dessa forma o caso iria para o Supremo Tribunal Federal", disse, no alto do carro de som, o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze.

"Não aceitamos nenhum ponto do pacote. Vamos esperar uma resposta dos deputados até o dia 29. Se for negativa, haverá indicativo de greve geral. Nosso movimento ganhou força com a prisão do Sérgio Cabral. Está na cara que o Pezão está envolvido. Impossível ele não saber de nada", disse Marcos Ferreira, diretor do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal.

Hoje, os deputados irão debater itens impopulares, como o adiamento de aumentos salariais aprovados em 2014 que entrariam em vigor em 2017 ou 2018 e ainda a extinção de programas sociais como o Renda Melhor.

Mais cedo, uma comissão de servidores se reuniu com o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), e representantes de bancadas, e firmaram compromissos. Os parlamentares prometeram não extinguir fundações ameaçadas, como o Instituto de Assistência dos Servidores (Iaserj) e o Instituto de Terras e Cartografia do Estado (Iterj), o que foi comemorado do lado de fora da casa.

Dezenas de policiais militares e integrantes da Força Nacional de Segurança (FNS), disponibilizada pelo Ministério da Justiça, cercam o prédio da Alerj, que, no início do mês, chegou a ser ocupado em outro protesto de servidores. Grades de alumínio separam os manifestantes da entrada do Palácio Tiradentes e uma barreira de policiais está disposta atrás das estruturas.

O protesto começou às 10 horas e até aqui transcorre sem problemas. Alguns servidores estão com lenços brancos na cabeça, em alusão ao que chamam de "gangue do guardanapo" - Cabral e amigos tiraram fotos em viagem a Paris com guardanapos na cabeça e as imagens viralizaram. As faixas exibem, entre outras, frases de indignação com a crise financeira do Estado, "Saquearam o Estado, agora querem nos extorquir".

A mobilização é consideravelmente menor do que a da última quarta-feira, quando as grades foram derrubadas pelos manifestantes e houve resposta truculenta da polícia, que usou bala de borracha, bomba de efeito moral e gás de pimenta para dispersar os manifestantes.

Mais cedo, integrantes do coro do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que participam do ato com representantes do corpo de baile e da orquestra do teatro, cantaram o hino nacional. "Sentimos uma frustração muito grande. O ano começou bem. Veio a Olimpíada e terminamos com a prisão de dois ex-governadores, sendo o Cabral acusado de causar essa crise toda no Estado", disse o cantor Pedro Oliveiro, representante do coro do Municipal, referindo-se também ao ex-governador Anthony Garotinho (PR), preso na quarta-feira passada acusado de crime eleitoral.

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