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Prisão de Bernardo é fato doloroso, diz Temer em entrevista

Preso na manhã desta quinta-feira, Paulo Bernardo é investigado pela suposta coordenação de um esquema de corrupção no Ministério do Planejamento


	Michel Temer: ao governo brasileiro, contudo, não caberá discutir a decisão política anunciada hoje, afirmou o presidente em exercício
 (Ueslei Marcelino / Reuters)

Michel Temer: ao governo brasileiro, contudo, não caberá discutir a decisão política anunciada hoje, afirmou o presidente em exercício (Ueslei Marcelino / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2016 às 10h26.

São Paulo - O presidente em exercício, Michel Temer, afirmou nesta sexta-feira, 24, em entrevista exclusiva à Rádio Estadão que lamenta o contexto da prisão de Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

O político petista, marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), integrante da chamada tropa de choque de Dilma na comissão do impeachment no Senado Federal, foi preso na manhã de ontem em Brasília, no âmbito da operação Custo Brasil - um desdobramento da Lava Jato.

"Vi a declaração de Gleisi de que ele (Paulo Bernardo) foi detido na frente dos filhos. É um fato doloroso e eu quero lamentar publicamente a prisão dele", afirmou Temer. "De qualquer maneira, é preciso prestar obediência às decisões (judiciais)", completou.

Questionado sobre o fato de a ação da Polícia Federal, que prendeu o ex-ministro e fez busca e apreensão no apartamento funcional de sua esposa, a senadora Gleisi, que tem foro privilegiado, ter sido autorizado por um juiz de primeiro grau e não pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente em exercício defendeu a manutenção da harmonia entre os Poderes Legislativo e Judiciário.

"É preciso prestar muito obediência a este princípio", disse, complementando que a desarmonia é inconstitucional.

Preso na manhã desta quinta-feira, Paulo Bernardo é investigado pela suposta coordenação de um esquema de corrupção no Ministério do Planejamento, que teria desviado R$ 100 milhões entre os anos de 2010 e 2015.

Brexit

Temer também disse na entrevista que o governo interino vai avaliar eventuais impactos econômicos que a decisão de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) pode provocar.

Ao governo brasileiro, contudo, não caberá discutir a decisão política anunciada hoje, afirmou o presidente em exercício.

"Nós não vamos discutir a decisão do Reino Unido do ponto de vista político. Do ponto de vista econômico, vamos esperar que esta decisão efetivamente se consolide para medirmos, em um segundo momento, qual impacto que ela terá", afirmou.

Em plebiscito realizado nesta quinta-feira, 51,9% dos eleitores do Reino Unido decidiram por sair da União Europeia, o chamado "Brexit".

O resultado apurado contraria as previsões das pesquisas de intenção de voto mais recentes que apontavam perspectiva de vitória do grupo pró-Europa.

Temer reforçou que a posição do governo brasileiro em relação ao Reino Unido está alinhada com a nova postura da diplomacia brasileira, liderada pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra.

"Nossa ideia é universalizar as ações da diplomacia do Brasil, sem nenhum outro critério que seja a soberania de um determinado país. A meu ver, critérios ideológicos são impensáveis", disse.

Sobre a atuação do Mercosul, Temer afirmou que Serra está no caminho de equacionar as relações com o bloco econômico sul-americano.

"É preciso dar uma diretriz mais segura às negociações com o Mercosul, também do ponto de vista ideológico", comentou.

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