Brasil

Principais delatores do caso Petrobras se contradizem

O advogado João Mestieri, que representa a Paulo Roberto Costa, endossou a versão da defesa do doleiro Alberto Youssef


	O ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef, se contradisseram nesta segunda-feira durante uma acareação
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

O ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef, se contradisseram nesta segunda-feira durante uma acareação (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2015 às 07h34.

São Paulo - Os principais delatores do caso de corrupção na Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef, se contradisseram nesta segunda-feira durante uma acareação, segundo informaram seus advogados.

A acareação durou mais de oito horas na sede da Polícia Federal em Curitiba e o único ponto de convergência entre ambos foi o suposto suborno pago pela petroquímica Braskem, controlada pela construtora Odebrecht.

"O pagamento existia para acelerar o procedimento de compra de nafta, e também em relação ao preço do nafta. Como o nafta no Brasil acabava sendo mais barato do que a cotação internacional, existiu pagamento e comissionamento por parte da empresa", afirmou a jornalistas o advogado Tracy Reinaldet, que defende Youssef.

O advogado João Mestieri, que representa a Costa, endossou a versão da defesa de Youssef.

"Em um primeiro momento, o Paulo Roberto Costa disse que não participou disso, porque não se dava com o diretor-presidente (da Braskem). Aí começaram a rememorar uma série de questões para então chegar à admissão de que isso ocorreu", declarou Mestieri.

A Braskem, por sua parte, emitiu um comunicado no qual alega que seus contratos com a Petrobras seguiram os "preceitos legais" e foram "aprovados de forma transparente de acordo com as regras de governança da companhia".

A petroquímica lembrou que, ao contrário da versão, "os preços praticados pela Petrobras na venda de nafta sempre estiveram atrelados às mais altas referências internacionais de todo o setor, prejudicando a competitividade da indústria petroquímica brasileira".

Costa, em prisão domiciliar no Rio de Janeiro, e Youssef, preso em Curitiba, fizeram um acordo de delação premiada com a Justiça em troca de redução de suas penas pelos delitos de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras.

Os dois réus confessos já foram condenados no processo por alguns crimes, mas ainda deverão responder perante a Justiça por outros.

Nos demais pontos discutidos durante a acareação houve divergências entre Costa e Youssef, esclareceram seus advogados.

As contradições incluíram os supostos desvios de dinheiro para as campanhas em 2010 da presidente Dilma Rousseff e de Roseana Sarney (PMDB) ao governo do estado do Maranhão.

Também nesta segunda-feira começaram a ser escutados os últimos presos da Operação Lava Jato, que teve sua mais recente fase de detenções na sexta-feira passada e entre os quais se encontram os presidentes das construtoras Odebrecht e Andrade Gutiérrez.

As autoridades sustentam que ambas empresas, assim como outras 25 companhias privadas, participaram de uma rede de corrupção estabelecida na Petrobras que, durante a última década, se apropriou ilegalmente de US$ 2 bilhões. 

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleo

Mais de Brasil

Secretário-geral da ONU pede "espírito de consenso" para G20 avançar

Paes entrega a Lula documento com 36 demandas de prefeitos do U20

Varredura antibomba e monitoramento aéreo: chegada de chefes de Estado para o G20 mobiliza segurança