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Primeira vítima identificada, médica da Vale é enterrada em Belo Horizonte

Nos primeiros momentos do desaparecimento, a mãe acreditava que Marcelle Cangussu estaria ajudando as vítimas

Barragem se rompe e lama invade Brumadinho, na Grande BH: novo rompimento poderia afetar até 24 mil pessoas que vivem na região, comprometendo fornecimento de água e energia (Washington Alves/Reuters)

Barragem se rompe e lama invade Brumadinho, na Grande BH: novo rompimento poderia afetar até 24 mil pessoas que vivem na região, comprometendo fornecimento de água e energia (Washington Alves/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de janeiro de 2019 às 15h29.

Brumadinho - O corpo da médica do trabalho Marcelle Porto Cangussu, de 35 anos, foi enterrado no início da tarde deste domingo, 27, em Belo Horizonte, em meio a dor e emoção. Marcelle foi a primeira vítima identificada da tragédia de Brumadinho, causada pelo rompimento da barragem 1 da Vale no Córrego do Feijão, Minas Gerais.

Marcelle tinha completado 35 anos um dia antes de morrer e trabalhava na empresa desde 2015. Ela não estava escalada para trabalhar na sexta-feira, dia do rompimento da barragem, mas, segundo familiares, foi chamada de última hora.

Solteira, a moça não tinha filhos e gostava de passar a maioria das noites com a avó, que mora a poucas quadras de sua casa. Muito abalada, a mãe da jovem, Mirelle Porto, lamentava: "Morreu fazendo o que mais gostava. Estamos desolados. Completamente sem chão. A gente não se desgrudava, ela cuidava muito de mim, e eu dela. Me ligava todos os dias, perguntava como eu estava.

Nos primeiros momentos do desaparecimento, a mãe acreditava que Marcelle estaria ajudando as vítimas. "Eu e minha filha mais nova chegamos a pensar que, por ser médica, ela estivesse socorrendo pessoas", contou. "Infelizmente aconteceu algo pior."

Ainda segundo os familiares, Marcelle nunca reclamou sentir medo ou insegurança por trabalhar na mina. "O único medo que sentíamos era da estrada, pois ela dirigia cerca de meia hora para ir ao trabalho", disse a mãe.

O tio, Denysson Porto, disse que Marcelle havia comemorado o aniversário na noite anterior em um restaurante da cidade. "Estava feliz, com os amigos, parentes. A nossa menina adorava sorrir." No dia da tragédia, ela iria continuar com as comemorações.

"Era uma pessoa bonita, alegre demais, verdadeira. Vai deixar saudades", contou a médica Valéria Rodrigues, amiga de Marcelle. "Uma pessoa humana, se importava com os outros, se preocupava com os amigos", disse outro colega, Fábio Carmo.

Outras sete vítimas da tragédia também já foram identificadas. Neste domingo, 27, as buscas foram interrompidas por risco de rompimento de outra barragem da Vale.

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