Protestos: a abertura das vias ganhou força após a edição de medidas provisórias (Washington Alves/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 28 de maio de 2018 às 19h39.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, de acordo com balanço feito até as 16h desta segunda-feira (28), há ainda 594 pontos de aglomeração de caminhoneiros em rodovias federais no Brasil.
Apesar da manutenção de protestos, o órgão apontou que não há via total ou parcialmente obstruída e que o abastecimento de combustível e o transporte de itens essenciais à população estão sendo restabelecidos, sobretudo em aeroportos e para a garantia de serviços públicos essenciais.
Coordenador da operação, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Aldemir Sobrinho, detalhou que já foi efetivado o transporte de 14 milhões e 700 mil litros de combustível.
O recurso foi destinado para os principais aeroportos do país em Brasília, Recife, Goiânia, Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, Vitória, Manaus e Cuiabá. Nas seis últimas cidades, a situação é melhor, pois há estoque para mais de 12 horas. Nos demais, a garantia é de menos de 12 horas de operação.
Outra parte da carga tem garantido a retomada gradual do funcionamento das termelétricas em Roraima e Rondônia e dos postos de combustível nas capitais.
Outra prioridade estabelecida pela operação foi a garantia da circulação de cargas essenciais, entre as quais animais vivos, gêneros alimentícios, medicamentos, combustíveis e outras cargas consideradas sensíveis.
Para tanto, o almirante explicou que foram abertos corredores interestaduais, como entre Belo Horizonte e Brasília, com garantia de passagem dos caminhões.
Ao todo, foram realizadas 386 escoltas, com um total de 873 carretas acompanhadas pela PRF e, em alguns casos, também pelas Forças Armadas.
"Nós não temos como escoltar todos esses carregamentos, então nós já estamos estabelecendo corredores de transporte com segurança e abastecimento para permitir que grande parte dos alimentos, combustíveis e ração chegue aos destinatários finais", afirmou o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.
O almirante ressaltou a preocupação com a garantia de insumos hospitalares. "Esse fluxo de medicamentos e de gases para hospitais já está em andamento e nós estamos ajustando a logística, porque é uma logística muito dispersa", detalhou, citando como exemplo a existência de locais em que há disponibilidade de caminhões, mas não de medicamentos e vice-versa.
A partir desta terça-feira (29), a expectativa é de que seja garantido o fluxo contínuo de medicamentos para hemodiálise e gases hospitalares para todo o sistema de saúde, bem como de alimentação para os pacientes.
As informações foram apresentadas durante coletiva de imprensa de dirigentes do Centro de Operações Integradas, articulação composta por 21 órgãos governamentais com o objetivo de desenvolver ações para desmobilização e retomada do abastecimento.
O ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, afirmou que não é possível definir um prazo para a normalização dos serviços. O prazo da operação determinada pelo decreto que estabeleceu a operação de garantia da lei e da ordem (GLO) é 4 de junho.
"É melhor a gente trabalhar com o dado concreto e entregar resultado, que é o que se propõe com essa ação de emergência que está sendo feita", afirmou.
O diretor-geral da PRF, Renato Dias, avaliou que a abertura das vias ganhou força após a edição de medidas provisórias que, na opinião dele, contemplaram totalmente os objetivos do movimento dos caminhoneiros.
Dias reconheceu que há flutuação no número e mesmo manutenção de protestos, mas responsabilizou grupos que não são da categoria dos caminhoneiros pelas paralisações.
"Pode ocorrer, e ocorre, tentativa de obstrução de rodovias federais de outros movimentos", ponderou, acrescentando que a PRF e os órgãos de inteligência trabalham para identificar possíveis infiltrados.
Agora, ele disse que o foco é desenvolver ações para garantir que os caminhoneiros tenham condições de voltar a trabalhar. "A nossa função agora é estar presente com todo o efetivo nesses pontos e garantir a escolta e a saída dos caminhoneiros", destacou.
Nas proximidades do Ministério da Defesa, onde a coletiva foi realizada, um grupo de manifestantes protestava reivindicando intervenção militar.
Questionado sobre a situação, o ministro Joaquim Silva e Luna afirmou que "a manifestação da vontade é livre, pois em um país democrático as pessoas podem manifestar os seus interesses a partir das suas percepções".