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Previsões sobre covid eram baseadas em "fatos da época", diz Osmar Terra

Ex-ministro da Cidadania do governo Bolsonaro também negou existência de gabinete paralelo de assessoramento ao presidente

Ex-ministro da Cidadania Osmar Terra, em depoimento à CPI da Covid (Jefferson Rudy/Agência Senado)

Ex-ministro da Cidadania Osmar Terra, em depoimento à CPI da Covid (Jefferson Rudy/Agência Senado)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 22 de junho de 2021 às 12h41.

Última atualização em 22 de junho de 2021 às 12h48.

O deputado federal Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania do governo Bolsonaro, disse à CPI da Covid, nesta terça-feira, 22, que as previsões feitas por ele minimizando o impacto da pandemia de covid-19 foram baseadas “nos fatos que existiam na época”. Ele também negou a existência de um gabinete paralelo.

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Desde o ano passado, Terra se posiciona contra medidas de isolamento social e defende a tese da imunidade de rebanho, de que as mortes diminuiriam naturalmente, sem vacina, conforme as pessoas fossem se contaminando. Ele é apontado como integrante do gabinete paralelo que assessorava o presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia.

“As previsões que eu fiz foram baseadas nos fatos que existiam na época. Quais eram os fatos concretos que existiam em fevereiro e março? Eram a epidemia da China”, apontou Terra. “A China teve um surto completo. Ela começou, subiu, desceu e terminou. Tem 4.000 mortes na China até hoje.” 

Segundo Terra, as 4.000 mortes registradas em um país de 1,4 bilhão de habitantes “nos levaram à ideia de que não seria uma coisa tão grave”. No ano passado, o ex-ministro fez a previsão de que menos de 1.000 pessoas morreriam no Brasil em decorrência da covid-19.

Terra criticou as “previsões apocalípticas” feitas no início da pandemia, que teriam, segundo ele, “assustado a humanidade” e “criado efeito manada em decisões em cascata de governantes, fechando tudo”. Segundo ele, os prazos previstos para o fim da pandemia foram aumentando devido ao surgimento de novas cepas do vírus.  

"A política não infectou a ciência. Alguns políticos, como vossa excelência, sim, infectaram a ciência", disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), em resposta a Terra, que afirmou que, no início, dizia que "a pandemia estava sendo comandada pelo medo, e não pela ciência".

“Nunca foi uma estratégia”, disse Terra, sobre a tese da imunidade de rebanho. “Não existe nenhuma proposta aqui de deixar a população se contaminar livremente. Nunca se fez isso. A imunidade de rebanho é uma consequência, é como terminam todas as pandemias", afirmou. 

Gabinete paralelo

Os senadores o convidaram à CPI após o vazamento de um vídeo de uma reunião do gabinete paralelo. “As imagens apontam Osmar Terra como mentor intelectual do grupo”, diz um dos requerimentos de convocação do deputado, depois transformado em convite, a pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Terra, no entanto, negou a existência do gabinete paralelo. "A relação que eu tenho com o presidente é uma relação de amizade que ele tem com muitos outros deputados. Fui ministro, gosto do presidente, tenho simpatia por ele. Quando, de vez em quando, o presidente me pergunta alguma coisa, e eu acho que tenho de falar, eu falo", disse.

"O presidente fala o que ele quer falar, ele fala do jeito que ele entende. Eu não tenho poder sobre o presidente de 'o senhor vai falar isso, vai falar aquilo'. Isso não existe, se eu tivesse esse poder, eu era o presidente e ele era deputado", acrescentou o ex-ministro.

As reuniões com Bolsonaro, segundo ele, foram sobre "muitos assuntos", não necessariamente sobre pandemia. "A primeira não me lembro, mas provavelmente foi no início de fevereiro. Uma vez por mês, uma vez a cada 14 dias. São encontros esporádicos que um deputado pode ter, isso é atividade normal do parlamento", disse.

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