Brasil

Previdência Social prevê déficit de R$ 46 bi em 2010

Aumento da arrecadação em áreas urbanas não foi suficiente para impedir o déficit em zonas rurais

O ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas (Arquivo)

O ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas (Arquivo)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.

Brasília - O ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, manteve hoje a expectativa de que o déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ficará "entre R$ 45 bilhões e R$ 46 bilhões" em 2010. No mês passado, ele estimou que a necessidade de financiamento da Previdência seria de R$ 45,599 bilhões este ano.

"Estamos registrando recordes de arrecadação. Não seria diferente na Previdência", disse o ministro, ao ressaltar o crescimento de 11,4% das receitas do INSS verificado entre janeiro e agosto deste ano (R$ 126,409 bilhões) em relação aos mesmos meses de 2009 (R$ 113,478 bilhões). Todos os números anteriores a agosto são corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

De acordo com Gabas, a arrecadação crescente é resultado do aumento da formalização dos empregos no País. "O Dr. Caged deu a notícia de que quase 300 mil postos com carteira assinada foram criados em agosto. Isso tem impacto grande na arrecadação da Previdência", disse, referindo-se ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), dado divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que acompanha o desempenho do mercado de trabalho formal no Brasil.

Por isso, segundo Gabas, a Previdência pode comemorar o resultado positivo da Previdência urbana, que acumula um saldo positivo de R$ 5,901 bilhões até agosto deste ano. No mesmo período de 2009, o superávit acumulado era de R$ 869,6 milhões. O grande impacto negativo sobre a Previdência, portanto, recaiu sobre o setor rural, déficit que é bancado pelo Tesouro Nacional.

Arrecadação rural

A arrecadação líquida previdenciária do campo está em R$ 3,097 bilhões no período de janeiro a agosto, uma queda de 1,7% ante o montante de R$ 3,150 bilhões verificados no mesmo período de 2009. Especificamente em agosto, houve um aumento de 11,5% das receitas (R$ 426 milhões) na comparação com o mesmo mês do ano passado (R$ 382,6 milhões). Nos meses de abril a junho, no entanto, houve queda na comparação com 2009. "A arrecadação rural não está com um padrão", resumiu o ministro.

De acordo com Gabas, além dos períodos de entressafra, que tornam o ciclo de emprego no campo diferente do que é verificado na área urbana, também tem influência a falta de uma "regra bastante clara" sobre a contribuição do setor para o INSS. Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que o pagamento da Contribuição Previdenciária sobre a Comercialização Rural (Funrural) feito por um frigorífico era inconstitucional. Com a decisão, outras empresas do setor suspenderam imediatamente a contribuição, piorando o resultado.

Os ministérios da Fazenda e da Previdência estudam uma alternativa para compensar as perdas trazidas ao INSS com a decisão referente ao Funrural. Ao contrário do mês passado, quando Gabas mostrou-se otimista em relação a um avanço sobre uma decisão entre as Pastas, agora ele exibiu uma reação mais conservadora. "Estamos estudando", limitou-se a dizer. Uma alternativa seria cobrar um tributo sobre a folha de pagamento, o que não é o mais saudável, na avaliação do ministro, porque impactaria os setores produtivos extensivos em mão de obra.

Leia mais sobre a previdência

Siga as últimas notícias de Economia no Twitter

 

Acompanhe tudo sobre:Déficit públicoINSSPrevidência Social

Mais de Brasil

Polícia Federal pode suspender emissão de passaportes por falta de verba

Deputados protocolam PEC da Reforma Administrativa

Após declaração de Lula, governo diz 'não tolerar' tráfico de drogas