Brasil

Preso em esquema de ingressos diz onde pegou bilhetes

Lamine Fofana revelou à polícia ter conseguido com a Match, empresa ligada ao sobrinho do presidente da Fifa, os ingressos que buscava no Copacabana Palace


	Ingresso: a empresa é a única autorizada pela Fifa para venda de pacotes de ingressos e camarotes
 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Ingresso: a empresa é a única autorizada pela Fifa para venda de pacotes de ingressos e camarotes (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2014 às 13h15.

Rio - O franco-argelino Lamine Fofana revelou à polícia ter conseguido com a Match, empresa ligada ao sobrinho do presidente da Fifa, os ingressos que buscava no Copacabana Palace, na zona sul do Rio, onde está hospedada a cúpula da Federação durante o Mundial do Brasil.

No luxuoso hotel, estaria também, se ainda não fugiu do Brasil, o integrante da Fifa apontado pela investigação como o líder do esquema milionário de venda de entradas da Copa do Mundo.

No momento da prisão de Fofana, na terça-feira pela manhã, durante a Operação Jules Rimet, o delegado responsável pela investigação, Fábio Barucke, da 18ª DP (Praça da Bandeira), perguntou ao franco-argelino: "Com quem você pega esses ingressos no Copacabana Palace?". Fofana respondeu: "Match Hospitality".

Na quinta-feira, o delegado revelou que também a empresa, única autorizada pela Fifa para venda de pacotes de ingressos e camarotes, está sendo investigada e que, além do membro da Fifa, a polícia também busca um integrante da Match na quadrilha.

No vídeo, obtido pela reportagem, o delegado pergunta a Fofana para que servia o adesivo da Fifa em seu carro, um chevrolet Meriva alugado. "Esse adesivo da Fifa é o quê?", questiona Barucke.

"Esse é o passe de estacionamento para jogo", responde em português, com bastante sotaque e misturado a algumas palavras em francês, o franco-argelino.

"Quando comprei pela Fifa, veio esse passe de jogo para Rio, Belo Horizonte, Brasília e Rio de novo", completou Fofana, conhecido por suas amizades com dirigentes, jogadores e ex-jogadores.

Barucke questiona Fofana se, com o adesivo no carro, ele conseguiria ter acesso a alguma festa da Fifa. O franco-argelino nega. "E ao Copacabana Palace?" "Não. Eu 'vá' para Copacabana Palace 'solo' para pegar 'el presente' lá, e ingresso para 'mi' família".

"Pegar e levar para sua família? Você não vende não, né?", pergunta novamente o delegado. "Não, peguei 'solo' dez", responde Fofana. Na operação, foram apreendidos cerca de 130 ingressos com os integrantes da quadrilha, muitos de camarote.

Esta semana, o diretor de marketing da Fifa, Thierry Weil, afirmou em nota que "Mohamadou Lamine Fofana nunca foi credenciado para a Copa do Mundo da Fifa e não teve acesso a nenhum carro oficial da Copa do Mundo".

A polícia estima que, só no Mundial do Brasil, a quadrilha tinha potencial para lucrar mais de R$ 200 milhões - o promotor Marcos Kac, da 9ª Promotoria de Investigação Penal, que atua em conjunto com a polícia na desarticulação da organização que atuou pelo menos nas últimas quatro Copas do Mundo, estima que o faturamento do grupo com a Copa de 2014 poderia ficar entre R$ 300 e 500 milhões.

No vídeo, o franco-argelino também nega ter escritório em Genebra, na Suíça, mas, segundo o delegado, uma das empresas de Fofana está registrada na cidade suíça, conhecida por seus amplos benefícios fiscais.

Acompanhe tudo sobre:Copa do MundoEsportesEstádiosFifaFutebol

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP