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Preso boliviano que tinha 18 peruanos como "escravos" em SP

Os estrangeiros viviam em uma casa no bairro da Penha, onde funcionava uma oficina de costura clandestina


	Região da Penha, em SP: peruanos eram obrigados a trabalhar 16 horas por dia e recebiam R$ 0,60 por peça costurada
 (Gabriel de Andrade Fernandes / Flickr / Creative Commons)

Região da Penha, em SP: peruanos eram obrigados a trabalhar 16 horas por dia e recebiam R$ 0,60 por peça costurada (Gabriel de Andrade Fernandes / Flickr / Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2015 às 15h40.

São Paulo - A polícia Civil de São Paulo prendeu o boliviano Efraim Amachi Quisocaba, que mantinha 18 peruanos em regime de escravidão na zona leste paulistana.

Os estrangeiros viviam em uma casa no bairro da Penha, onde funcionava uma oficina de costura clandestina.

Entre os libertados, três são adolescentes: um rapaz de 17 anos e duas moças, de 15 e 17 anos, sobrinhas do responsável pelo local.

Dois irmãos do acusado também estavam entre as vítimas encontradas pela polícia. Entre os adultos, 11 eram homens e cinco mulheres.

Os policiais chegaram à oficina após a denúncia de duas das pessoas mantidas no local. Um dos trabalhadores, de 44 anos, conseguiu escapar com o filho de 17 anos e pocurou a polícia.

Os peruanos eram obrigados a trabalhar 16 horas por dia e recebiam R$ 0,60 por peça costurada. Metade da remuneração era retida pelo acusado, como custeio da moradia e alimentação fornecida aos estrangeiros.

Segundo o delegado César Camargo, um dos responsáveis pela operação realizada ontem (15) à tarde, a situação dos alojamentos era extremamente precária e a alimentação limitada.

“Em um banheiro que consegui descobrir, havia uma parede falsa e um túnel conduzindo aos quartos, que pareciam celas. Um cheiro insuportável de bolor e nenhuma ventilação”, descreveu.

Os peruanos foram recrutados por anúncios na província de Puno, fronteira com a Bolívia. De acordo com o delegado, isso explica as relações de parentesco entre parte das vítimas e o acusado.

Para Camargo, mesmo mantidos sob as mesmas condições, os dois irmãos de Efraim ajudavam a vigiar as demais vítimas.

Para atrair os trabalhadores, o responsável pela oficina oferecia salário de R$ 2 mil e pagava a passagem dos interessados.

Os estrangeiros usaram a fronteira com o Acre na viagem de quatro dias de ônibus até São Paulo. “Vamos pesquisar essa nova rota”, informou o delegado.

César Camargo explicou que normalmente os estrangeiros libertados em São Paulo entram pelas fronteira com o Paraguai ou diretamente da Bolívia, pelo Mato Grosso.

A polícia investiga quem contratou os serviços da oficina. As peças apreendidas tinham etiquetas de marcas coreanas.

Camargo acrescentou que é preciso apurar se o boliviano era mesmo o dono do local, uma vez que ele também vivia no ambiente insalubre da casa.

“Efraim tinha um quarto um pouco melhor, na parte mais ventilada. Mas será que aquilo ali é do Efraim ou ele é apenas laranja de alguém? Por que ele também se submetia àquela situação?”

As vítimas estão recebendo auxílio da Secretaria de Estado da Justiça de São Paulo e do consulado peruano.

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