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Presidente do Ipea elogia articulação entre Fazenda e BC

"Há uma coordenação mais fina das políticas monetária e fiscal", diz Márcio Pochmann

Márcio Pochmann, presidente do Ipea: elogios ao BC e ao Ministério da Fazenda  (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

Márcio Pochmann, presidente do Ipea: elogios ao BC e ao Ministério da Fazenda (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2011 às 13h31.

Brasília - O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu hoje a nova orientação da política econômica, adotada pela presidente Dilma Rousseff, na qual um ajuste fiscal maior é prometido para permitir a queda dos juros no médio prazo e aumento dos investimentos, sobretudo em infraestrutura. "Há uma coordenação mais fina das políticas monetária e fiscal. Sem muita coordenação (na economia), há certa esquizofrenia do ponto de vista das ações (de governo)", afirmou, durante evento em São Paulo.

Segundo ele, existe no governo Dilma "uma articulação entre Fazenda e BC (Banco Central) que antes não havia". Ele se referiu especialmente às ações adotadas, na primeira semana da nova administração, para conter a valorização do real. O Banco Central anunciou na última quinta-feira o estabelecimento para bancos de um depósito compulsório de 60% sobre o valor das posições vendidas em dólar. E ontem o Diário Oficial da União publicou resolução do Conselho Deliberativo do Fundo Soberano do Brasil (FSB) que permite ao BC atuar no mercado futuro de câmbio a pedido do Tesouro Nacional. Analistas viram a medida como um sinal verde para a retomada de operações de swap cambial reverso.

Normalmente contrário à elevação de juros pelo BC, Pochmann evitou criticas à possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar os juros em sua próxima reunião, nos dias 18 e 19. Para ele, como a economia está bem aquecida, talvez seja necessária a ação do BC para reduzir as pressões inflacionárias. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou 5,91% em 2010, a maior marca desde 2004, e superou em 1 41 ponto porcentual a meta de inflação de 4,5% determinada pelo Conselho Monetário Nacional.

Para Pochmann, uma eventual alta da taxa Selic precisa ser avaliada em perspectiva, como uma medida pontual e temporária dentro de uma política econômica de longo prazo."O patamar que a taxa de juros se encontra é muito desfavorável, pois é um estímulo à entrada de recursos desnecessários, num ambiente especulativo", disse. Segundo ele, a redução dos juros é essencial para ampliar o nível de investimentos no País, que deve ter atingido cerca de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "O Brasil não pode sustentar o crescimento apenas pelo consumo. É preciso ter investimentos", destacou.

Pochmann ressaltou que é possível melhorar a eficiência dos gastos públicos. Para ele, uma contrapartida para o cumprimento da meta de superávit primário de 3,1% do PIB neste ano deveria ser a redução com vigor das despesas com o pagamento dos juros da dívida pública. "O Brasil tem condições de melhorar o gasto público. Temos uma série de ineficiências. A principal é o gasto com juros da dívida pública, que está entre 5% e 6% do PIB por ano", afirmou.

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