Alexandre Tombini durante sua primeira entrevista coletiva como presidente do BC (Valter Campanato/ABr)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 16h45.
Brasília – O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, descartou hoje (6) medidas de curto prazo para conter o crescimento do crédito imobiliário. Ele, no entanto, admitiu que a autoridade monetária vai monitorar com mais intensidade o comportamento dos financiamentos habitacionais.
Segundo Tombini, o crescimento do mercado de financiamento imobiliário nos últimos anos decorre, principalmente, do déficit de moradia, que estimula as pessoas a comprar em momentos de expansão do crédito e de estabilidade da economia. “É natural que, com uma demanda reprimida de 6 milhões de unidades [habitacionais], o crédito imobiliário tenda a crescer e a preencher a participação nas carteiras das instituições financeiras”, disse.
Apesar da expansão dos financiamentos imobiliários, Tombini afirmou que o crédito habitacional no Brasil ainda não representa ameaça ao sistema financeiro. “Mesmo com todo o crescimento, a base do crédito imobiliário é de menos de 5% do PIB [Produto Interno Bruto]. Outras economias têm nível de financiamento imobiliário ainda maior”, ressaltou.
O presidente do BC descartou adotar medidas prudenciais (alterar as regras de crédito para reduzir riscos) para o setor imobiliário. Ele, no entanto, lembrou que a crise financeira internacional teve origem, justamente, nos financiamentos habitacionais nos Estados Unidos. Por isso, Tombini justifica a necessidade de monitorar o segmento para evitar que o processo de formação da “bolha imobiliária” se repita no Brasil.
“Com a crise internacional, o Brasil precisa estar atento. Nada que requeira medidas prudenciais, apenas o monitoramento contínuo do mercado de crédito imobiliário. Para a autoridade monetária, esse é um tema que ganha importância hoje e nos próximos anos”, afirmou.
Na avaliação de Tombini, o crédito imobiliário crescerá um pouco mais que o crédito ao consumo. Segundo ele, os empréstimos e financiamentos voltados ao consumo devem crescer cerca de 10% este ano, menos do que o estimado inicialmente. “O crédito ao consumo crescerá a taxas mais moderadas”, declarou.
Para Tombini, as medidas tomadas em dezembro, como a elevação dos compulsórios (parte do dinheiro captado pelos bancos e recolhidos compulsoriamente ao Banco Central), não inviabilizam o crédito ao consumidor, mas aumentam a segurança das operações e impedem o endividamento excessivo das famílias. “As medidas de dezembro não são impeditivas. A expectativa é que o crédito ao consumo cresça 10%, mas de forma mais segura quanto a prazos e garantias”, acrescentou.