Carne Fraca: para secretário, houve exagero, especialmente "pelo número de policiais envolvidos" (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de março de 2017 às 16h33.
Brasília - O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luiz Eduardo Rangel, disse que não existe risco sanitário na carne brasileira e que as questões apontadas pela operação Carne Fraca não trazem risco para a população nem para as exportações.
"Não existe risco sanitário e num primeiro momento a ideia é que possamos reagir rapidamente para tranquilizar a sociedade", afirmou, ao chegar ao Palácio do Planalto para reunião com o presidente Michel Temer e representantes do setor.
Rangel disse que o ministério está preparado para reagir rapidamente e informou que serão anunciadas medidas administrativas a serem adotadas ainda nesta semana pela Pasta.
Ele disse que nenhum país suspendeu a importação da carne brasileira. "Os países estão esperando uma comunicação oficial do governo brasileiro. É o que vamos fazer com o presidente", afirmou.
O secretário disse ainda que o ministério vai fazer avaliações e que tem sistemas de rastreabilidade e poderá retirar mercadorias de circulação, caso seja necessário.
O presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins, disse que pode ter havido exagero e pirotecnia na Operação Carne Fraca.
"Com certeza tem exagero, pelo número de policiais envolvidos", afirmou, ao chegar ao Planalto. Ele disse que os produtores rurais também são vítimas do esquema descoberto pela Operação Carne Fraca e que é importante dar uma satisfação imediata ao povo brasileiro.
"Tem que ser e vai ser esclarecido. Tem que saber que 80% da produção de carne fica aqui dentro e a população tem que ter a mesma qualidade da exportação", afirmou.
Reuniões
O presidente Michel Temer iniciou por volta de 14h30 a primeira de três reuniões marcadas para este domingo para discutir a crise aberta pela Operação Carne Fraca. Temer se reúne inicialmente com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
Em seguida, às 15, o presidente recebe os representantes do setor de produção de proteína animal, como os presidentes da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Antonio Camardelli, da ABPA (Associação Brasileira da Proteína Animal), Francisco Turra, além do presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), João Martins. O Palácio do Planalto ainda não confirmou a lista completa dos participantes.
Às 17h, o presidente encontra embaixadores de países consumidores da carne brasileira. O governo está preocupado com a repercussão negativa da operação e o impacto que ela poderá ter na exportação de produtos nacionais. A intenção é anunciar novas medidas que levem maior segurança à população brasileira e também ao consumidor do mercado externo em função da Operação Carne Fraca.
Vários países estão exigindo explicações do Brasil por conta das denuncias entre eles, estados Unidos, e China, grandes compradores do Brasil, além da União Europeia.
Ontem, o ministro Blairo Maggi determinou que três funcionários da Consultoria Jurídica do ministério viajassem para Curitiba (PR), onde estavam centralizadas as investigações da PF, a fim de obter laudos periciais dos produtos relacionados na operação. Técnicos da área de Inspeção Sanitária trabalharam neste sábado, 18, para obter detalhes do processo que tem 350 páginas.