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Presidente da CCJ diz que não troca "independência" por cargos

Rodrigo Pacheco tem sofrido certa pressão para escolher um relator alinhado ao governo para a denúncia contra o presidente Michel Temer

Rodrigo Pacheco: "Nada me fará arredar da condução serena e independente da CCJ da Câmara" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Rodrigo Pacheco: "Nada me fará arredar da condução serena e independente da CCJ da Câmara" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de junho de 2017 às 20h20.

Brasília - Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira, 30, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), afirma que não se deixará influenciar por possíveis ofertas de cargos em troca da escolha de um relator governista para a denúncia contra o presidente Michel Temer.

Incomodado com a informação de que o governo estaria disposto a nomear o próximo presidente de Furnas para agradá-lo, o peemedebista reafirmou que não agirá sob influência dos aliados do Palácio do Planalto.

"Por mim, esse fato não acontecerá e dispenso qualquer iniciativa nesse sentido. Nada me fará arredar da condução serena e independente da CCJ da Câmara, sem interferências", diz o texto.

Pacheco disse ter recebido com "estranheza" a informação de que poderia ser atendido pelo Executivo com o cargo em Furnas.

O peemedebista afirma que a função já é ocupada "há muito tempo" pelo PMDB mineiro.

Otimismo

Embora haja uma ofensiva de governistas para influenciar a escolha do relator na CCJ, uma fonte palaciana adotou o discurso de que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) é "extremamente fraca", inepta e de natureza política, o suficiente para ser derrubada com "tranquilidade" na comissão e no plenário, com um número "seguro e amplo".

Entre os líderes governistas na Câmara, a avaliação também é de que hoje o governo venceria a batalha na CCJ e no plenário.

Os líderes dizem que a decisão de fatiar as denúncias geram um desgaste ao governo, o que é interpretado como um posicionamento político e não técnico-jurídico da PGR.

Neste contexto, a tendência é de que os parlamentares considerem que a classe política está sob ataque, por isso podem embarreirar a denúncia "para se defender".

No PTB, por exemplo, o líder Jovair Arantes (GO) disse que não haverá fechamento de questão sobre o tema e que mais de 80% da bancada é contra a denúncia.

Jovair considera que a ação é um "ataque sistemático à política". "A denúncia é inconsistente e, no meu entendimento, é abusiva", afirmou. Jovair também utiliza o argumento de que não é bom para a estabilidade política e econômica a saída de Temer.

"O País não merece mais uma ruptura neste momento", considerou.

O líder do PR, deputado José Rocha (BA), diz estar seguro de que o governo tem maioria para impedir o avanço da denúncia.

Em sua avaliação, a denúncia é inconsistente e os parlamentares vão considerar que falta pouco mais de um ano para a eleição presidencial, portanto não seria o caso de afastar mais um presidente.

"Você acha que o País tem condições de suportar duas eleições?", observou.

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