Ex-presidente Michel Temer defende fim do presidencialismo (Isac Nóbrega/PR/Flickr)
Carla Aranha
Publicado em 14 de setembro de 2021 às 19h40.
Última atualização em 14 de setembro de 2021 às 19h41.
Para o ex-presidente Michel Temer, o sistema presidencialista não constitui o mais adequado para o país e deveria ser substituído por uma modalidade híbrida, no qual o chefe do Executivo continue no comando das forças armadas e tenha o poder de vetar projetos de lei. "Seria um semi presidencialismo, que não ignora a figura do presidente", disse Temer no painel final do MacroDay 2021, evento do banco BTG Pactual, nesta terça-feira, 14. "O presidencialismo está roto e esfarrapado".
"Desde Itamar Franco, todos os presidentes tiveram inúmeros pedidos de impeachment e isso por si só cria um trauma institucional", afirmou. "Outra vantagem é que na prática haveria dois blocos, um de oposição e outros de oposição e só há governo se houver maioria parlamentar. Ando preocupado com o Brasil, porque não encontramos um rumo para valer".
Temer também advogou a favor do funcionamento das instituições. "Elas ainda funcionam e isso impede qualquer tipo de aventura", afirmou. O ex-presidente acrescentou ainda que "é inviável ter golpe", mesmo porque não haveria tal "desejo" e "nem as forças armadas têm disposição para isso". Ele também enfatizou que em seu governo não houve oposição a decisões judiciais.
Nos últimos dias, Temer voltou ao centro do cenário político ao ser chamado a Brasília para discutir a crise política com o presidente Jair Bolsonaro. Em seguida, foi produzida uma carta à nação, pela presidência da República, reiteirando o "respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país". O documento também diz que divergências em relação a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) devem ser resolvidas por medidas judiciais.
"Nos últimos momentos, houve muito embate, mas isso está se esgotando", disse Temer. "Há uma consciência que cada poder precisa obedecer a regração constitucional, não dá para manter a desarmonia entre as instituições".