Brasil

Presença da Força Nacional não impede novos distúrbios na BA

Dezenas de produtores rurais estão acampados, na cidade, devido à ocupação de suas propriedades, nas últimas semanas, por índios tupinambás


	Índios: no sábado (24), policiais militares chegaram a usar bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para conter os ânimos
 (Valter Campanato/ABr)

Índios: no sábado (24), policiais militares chegaram a usar bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para conter os ânimos (Valter Campanato/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2013 às 14h33.

Brasília – Menos de uma semana após a chegada de policiais da Força Nacional a Buerarema (BA), os moradores da pequena cidade - localizada a cerca de 240 quilômetros de Salvador - voltaram a viver momentos de grande tensão durante o fim de semana.

Casas foram incendiadas e ao menos uma loja e uma agência dos Correios foram depredadas. Neste momento, dezenas de produtores rurais estão acampados na cidade devido à ocupação de suas propriedades, nas últimas semanas, por índios tupinambás.

No sábado (24), policiais militares chegaram a usar bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para conter os ânimos. Segundo o escrivão da delegacia de Buerarema, Clériston Espínola de Azevedo, os distúrbios começaram depois que produtores rurais, segundo alegaram, foram provocados por índios armados que circularam de automóvel no centro da cidade.

“A cidade virou uma praça de guerra e se o governo federal não intervir para resolver a situação, a tendência é a coisa piorar”, disse o escrivão à Agência Brasil.

Segundo ele, em torno de 60 fazendas foram ocupadas desde o começo do mês e, atualmente, o escrivão calcula que o número de pequenos produtores acampados em uma praça, no centro do município, já alcança 50. “O clima continua tenso. Toda hora chega um produtor dizendo ser ameaçado por índios na iminência de entrar em suas terras”.

De acordo com o delegado federal Samuel Rodrigues Martins, ao menos mais uma fazenda da região foi ocupada no último final de semana. Os policiais federais foram acionados, mas, quando chegaram ao local, a ocupação já havia sido consumada.

“A área reivindicada pelos índios abrange parte de Buerarema, de Una e de Ilhéus. É uma área muito grande e como nosso efetivo é pequeno, não conseguimos monitorar tudo, a fim nos anteciparmos às ocupações. Temos feito o possível para manter o controle, mas a sensação é de estarmos tentando apagar fogo”, comentou o delegado federal.


“Vamos lá para tentar mediar os conflitos enquanto não se chega a uma decisão definitiva. O clima é de tensão constante, com ambos os lados dizendo ter direitos. Tudo tem que ser feito com muito cuidado, para evitarmos a violência”.

A pedido do governador da Bahia, Jaques Wagner, integrantes da Força Nacional chegaram à cidade no último dia 18 e o efetivo local da Polícia Militar foi reforçado. A tropa deve permanecer em Buerarema até pelo menos 27 de agosto, com o objetivo de garantir a segurança local e prevenir o agravamento dos conflitos entre índios e produtores rurais.

O prazo, no entanto, pode ser prorrogado. A Força Nacional já atuou no município entre abril de 2012 e maio de 2013.

Os índios reivindicam que o processo de criação de uma reserva indígena de 47 mil hectares seja concluído. Um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial.

A ocupação das fazendas já vinham ocorrendo desde o início do ano, mas se intensificaram a partir do início do mês, provocando reação não só dos donos das fazendas ocupadas, mas de outros segmentos que se sentem afetados pela ação indígena.

Há duas semanas, produtores rurais protestaram pela desocupação das propriedades invadidas. Ao bloquearem a rodovia federal BR-101 por cerca de dez horas, a manifestação fugiu ao controle. Equipamentos públicos e ao menos uma agência bancária foram depredados. Veículos oficiais foram incendiados – entre eles um carro que transportava quatro índios, sendo duas crianças, de Itabuna para Pau Brasil.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi procurada pela Agência Brasil para explicar a posição do governo federal sobre as exigências dos índios tupinambás no sul da Bahia, mas ainda não deu retorno aos pedidos de informação.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioBahiaIndígenasTrigo

Mais de Brasil

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho