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Preocupados com YouTube e TikTok, parlamentares querem reforma eleitoral

Deputados se articulam para aprovar modelo eleitoral chamado distrital misto, em que as cúpulas partidárias teriam mais poder de influência

Plenário da Câmara, que pode analisar mudança no sistema eleitoral  (Bruno Spada/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

Plenário da Câmara, que pode analisar mudança no sistema eleitoral (Bruno Spada/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 06h01.

Os deputados que lideram o Centrão na Câmara e costumam dar as cartas do que avança ou não no parlamento intensificaram as articulações nas últimas semanas para alterar o modelo eleitoral a fim de concentrar mais poder nos partidos e evitar a eleição dos chamados puxadores de votos, muitos deles influenciadores digitais com discurso antissistema.

O objetivo é mudar o sistema para o distrital misto, que muda a fórmula eleitoral para cargos na Câmara, em Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais. Caciques das legendas de centro que têm grande poder de influência no Congresso têm demonstrado otimismo e acreditam que, por beneficiar as cúpulas partidárias, poderiam angariar apoio de legendas que vão do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A proposta prevê que metade das vagas no parlamento de todas as esferas dos entes da federação seria reservada para uma eleição em que o estado ou município seria dividido em diferentes distritos eleitorais. A partir dessa divisão, o eleitor votaria em um candidato do distrito em que mora e o mesmo voto também iria para seu partido, que teria uma lista pré-ordenada de candidatos. 

O modelo ampliaria os poderes das cúpulas dos partidos, uma vez que metade dos assentos seriam definidos pela escolha direta do eleitor e a outra metade seria definida exclusivamente pelas legendas.

Assim, reduziria sobremaneira o poder de candidatos famosos e com ampla inserção que fazem votações muito expressivas. Atualmente, o cidadão escolhe um candidato e, depois, é estabelecido o chamado quociente eleitoral, resultado do cálculo do total de votos válidos divididos pelo número de vagas. 

Esse cálculo aponta a quantidade de votos necessários para que o partido eleja um representante. Caso um candidato faça mais votos que essa quantidade, o partido usa o excedente em benefícios dos demais postulantes àquela cadeira no parlamento. 

Os defensores da mudança no sistema afirmam que o formato atual é muito complexo e pouco conhecido pela população e que o novo modelo aproximaria o candidato do eleitor, uma vez que iria se tratar de uma disputa eleitoral no próprio distrito, com promessas voltadas para aquela determinada região. 

Kassab articulador

Um dos principais entusiastas da proposta é o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que é um dos nomes mais influentes dos partidos de centro que definem os rumos dos trabalhos do parlamento.

Ele costuma argumentar que o Legislativo ficará mais qualificado, uma vez que as legendas incluiriam nomes de peso nas listas, e afastaria os chamados outsiders, que têm amplo alcance nas redes sociais, mas não têm experiência na política. 

"PARABÉNS!!! Registro esta mensagem para cumprimentar o presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Hugo Motta, por iniciar a discussão da implantação do Voto Distrital Misto no Brasil. A sua implantação será um enorme avanço no aperfeiçoamento da Democracia brasileira", escreveu em post no X.

O deputado Domingos Neto (PSD-CE), do partido de Kassab, é o relator da matéria. Ele tem tentado atrelar a proposta aos projetos de combate à violência pública sob o argumento de que a eleição distrital ampliaria a fiscalização dos eleitores por se tratar de uma disputa regional e dificultaria a eleição de integrantes de facções criminosas.

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