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Prematuro de 28 semanas, menino tem alta após 3 anos em hospital

O menino nasceu prematuro em 2014, com 28 semanas de gestação, pesando pouco mais de 1 quilo e medindo apenas 34 centímetros

Prematuros: com um pulmão só funcionando, o bebê lutou bravamente pela vida (REUTERS/ Fredy Builes/Reuters)

Prematuros: com um pulmão só funcionando, o bebê lutou bravamente pela vida (REUTERS/ Fredy Builes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de julho de 2017 às 19h13.

Última atualização em 24 de julho de 2017 às 09h46.

Sorocaba - Em três anos e quatro meses, esta foi a primeira noite em que Luiz Miguel Monteiro Filomeno dormiu em sua casa, cercado pela família, em Espírito Santo do Pinhal, interior de São Paulo.

Desde que nasceu, em fevereiro de 2014, o pequeno Mig, como é chamado, não conhecia nada além da ala pediátrica do Hospital Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Campinas.

O menino nasceu prematuro, com 28 semanas de gestação, pesando pouco mais de 1 quilo e medindo apenas 34 centímetros.

Durante meses, com um pulmão só funcionando, o bebê lutou bravamente pela vida.

Nesta quarta-feira, 19, quando finalmente recebeu alta, estava com 12 quilos e 84 centímetros.

"Ter ele em casa assim, cheio de vida e energia, todo sorridente, é um grande milagre. Deus iluminou muito a equipe médica que cuidou dele", disse a mãe, a costureira Lívia da Silva Monteiro, de 33 anos.

Luiz Miguel ainda é alimentado por sonda e tem a ajuda de um respirador mecânico.

Isso não impediu que acordasse alegre, às 9 horas, fazendo festa com a irmãzinha Lavínia, de 7 anos.

"Ele já está grudado na Lavínia, chama ela a todo momento. Os dois são muito ligados desde que ele pôde receber visitas no hospital", conta a mãe.

Mig conheceu também seu novo companheiro animal, a cachorra Serena, que vai substituir o vira-latas Fred, o "medicão" que acompanhou sua recuperação no hospital.

"Apresentamos a Serena a ele pela janela, pois ele ainda não pode sair do quarto", explicou a mãe.

Nas primeiras semanas, o menino terá de se contentar com o interior da casa, já que depende de equipamentos para se alimentar e respirar.

Isso não impediu que tomasse um suco de frutas e fizesse um almoço farto em seu primeiro dia de "lar doce lar".

"Adaptamos o quarto para o conforto dele, mas a cama é normal, tem apenas um sistema para baixar os pés quando ele quer descer".

Lavínia deixou o serviço numa confecção para cuidar do filho, que também tem o suporte de uma equipe de home care, com enfermeira 24 horas, fisioterapeuta e acompanhamento médico.

O sustento da casa está por conta do marido e pai da criança, o policial militar Lúcio Filomeno, de 30 anos.

"O pai já avisou que, em suas folgas, ele assume o Luiz Miguel. Achamos que logo ele vai querer ir brincar no quintal", disse a mãe.

A família mora numa casa térrea, no Parque das Monções. Os familiares receberam treinamento intensivo na PUC para cuidar do menino.

O avô materno Sizemar Monteiro, de 66 anos, também ajuda a atender a criança.

A saída do hospital foi marcada por uma festa. A equipe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica e Neonatal se reuniu para a despedida.

"Até o Fred ficou emocionado", disse Lavínia, referindo-se ao cão do Projeto Medicão da PUC, que ajuda a recuperação das crianças internadas.

De acordo com a médica Raquel Vieira da Silva, chefe da UTI Pediátrica, que acompanhou o paciente desde o início, Luiz Miguel é um caso especial.

Por causa da sua prematuridade, ele não estava totalmente formado ao nascer e o pulmão direito não se desenvolveu.

Após o parto, o bebê apresentou quadro de hemorragia intracraniana, hidrocefalia (excesso de líquido no cérebro) e uma anomalia no esôfago, o que resultou em cirurgias.

"Ele superou tudo com muita vontade de viver e agora, mais do que o atendimento intensivo, ele necessita dos cuidados da família."

A presença do home care, com uma equipe multiprofissional, segundo ela, será necessária até que o menino ganhe maior mobilidade e reduza a dependência do suprimento de oxigênio.

A médica conta que, nesses três anos, a própria cidade melhorou sua estrutura em saúde para atender Luiz Miguel.

"Ele permaneceu no hospital o tempo necessário e teve uma família aqui, mas é sempre um ambiente hospitalar. Esperamos que em casa, com o convívio familiar, ele consiga certa liberdade para andar, brincar, até frequentar a escola. Não há nada como a casa da gente", disse.

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