Chuvas no Rio Grande do Sul: estado sofre com enchentes e deslizamentos (Photo by Anselmo Cunha / AFP)/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 15 de junho de 2024 às 13h25.
Última atualização em 15 de junho de 2024 às 13h25.
Passados 45 dias após o início das chuvas que inundaram o Rio Grande do Sul, os prejuízos no estado somam R$ 12,2 bilhões, segundo balanço da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgado nesta sexta-feira. O setor habitacional é apontado como o mais prejudicado, com R$ 4,7 bilhões em perdas. Ao todo, 101,5 mil casas foram danificadas e outras 9,4 mil totalmente destruídas pelas tempestades.
A agricultura, por sua vez, teve prejuízo calculado em R$ 4,1 bilhões. Este é o setor do segmento privado que teve maior perda até aqui, seguido pela agropecuária, com R$ 372,1 milhões, e pela indústria, com R$ 277,8 milhões.
Como mostrou O GLOBO, o estado terá que recuperar 3,2 milhões de hectares de cultivo atingidos pelos temporais recentes, estima a Secretaria Estadual da Agricultura, com base em imagens de satélite.
A retomada do plantio nas terras alagadas é essencial para que a distribuição nacional de alimentos não seja reduzida a longo prazo. Os gaúchos são os principais produtores de arroz do Brasil, responsáveis por 70% da safra, e ocupam a quarta posição na plantação de soja.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o plano de construção de casas provisórias para as vítimas das enchentes na terça-feira. Durante encontro com autoridades em Pernambuco, o petista declarou que, muitas vezes, obras temporárias se tornam definitivas, ao mesmo passo que ponderou ser demorado o processo de construção de novas residências em locais seguros.
— Eu disse ao companheiro Jader (Filho, ministro das Cidades) lá no Rio Grande do Sul, porque tem sempre a ideia de que é preciso cuidar de fazer casa provisória, e eu falava não tem casa provisória. É melhor dizer a verdade para o povo, é melhor dizer que destruir é muito rápido, construir é muito demorado — afirmou Lula.
— A gente vai ter que encontrar terreno sólido, vai ter que fazer casa com rua, com esgoto, com água, com energia elétrica, com área de lazer para as crianças, com escola, porque a gente não pode fazer o pessoal, depois do que passaram no Rio Grande do Sul, voltar a morar em lugar inóspito, em lugar inseguro — acrescentou.
O governador Eduardo Leite anunciou na sexta-feira passada a destinação de R$ 86,7 milhões para construir 250 moradias definitivas (R$ 20 milhões) e 500 temporárias (R$ 66,7 milhões), com 27 metros quadrados, voltadas a famílias de baixa renda. As residências serão instaladas em Eldorado do Sul (250), na Região Metropolitana de Porto Alegre (100) e no Vale do Taquari (150).
Vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza apresentou um contraponto à fala do presidente em postagem na rede social X (antigo Twitter).
"Quando a casa de uma família é destruída, ela precisa ficar em algum local até que consiga um lar definitivo e digno para morar. Ou seja, não é pelo governo não providenciar uma casa provisória que a família não vai precisar de um local para residir por um tempo. A situação precária da família não “desaparece” devido ao não agir do governo.
A diferença é que, quando o governo age para oferecer algo digno, a família não precisa se submeter a dormir por meses no chão de um ginásio de esportes que serve como abrigo.
A propósito: a melhor forma de evitar que as famílias que perderam suas casas não necessitem de um lar provisório é agilizando a entrega das moradias definitivas, na quantidade suficiente para atender todas que estão necessitando.
Desde o evento climático que atingiu o Vale do Taquari, em setembro de 2023, as únicas entregues até o momento foram as casas provisórias construídas numa parceria entre o Sinduscon RS, o governo estadual e as prefeituras!", escreveu.
Na semana passada, o governo estadual também assinou com as prefeituras de Porto Alegre e Canoas o termo de cooperação para instalação dos primeiros cinco Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs), chamados popularmente de “cidades provisórias”, que vão receber desabrigados pelas fortes chuvas que castigaram o estado. Também foram definidos os locais de construção.
Os cinco espaços anunciados pelo estado poderão abrigar 3,7 mil pessoas. Em Porto Alegre, estão previstas estruturas no Centro Humanístico Vida, no estacionamento do Porto Seco e no Centro de Eventos Ervino Besson. As unidades na capital gaúcha terão capacidade para acolher até duas mil pessoas.
Já em Canoas, os CHAs serão montadas na avenida Guilherme Schell, próximo à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), e no Centro Olímpico Municipal (COM). Cerca de 1.700 moradores serão acolhidos nos dois locais. A gestão estadual aponta que os CHAs terão “toda a estrutura necessária para atender às demandas das famílias”, como segurança pública.
A infraestrutura prevista para os CHAs é a mesma utilizada em hospitais de campanha. Serão espaços modulares em formato de galpão (retangular) e tenda piramidal, com estruturas metálicas e divisórias internas que irão definir os espaços ocupados por cada uma das famílias. Outra parte dos centros será composta por 208 casas montáveis cedidas pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), com capacidade média de cinco pessoas por unidade.