Brasil

Prefeitura permite, mas estado proíbe volta às aulas presenciais no Rio

Secretário Pedro Fernandes diz que colégios que reabrirem podem ser punidos. Decreto com proibição será prorrogado nesta quarta-feira

O prefeito Marcelo Crivella havia autorizado a volta das turmas de 4º, 5º, 8º e 9º ano dos colégio privados (Germano Luders/Exame)

O prefeito Marcelo Crivella havia autorizado a volta das turmas de 4º, 5º, 8º e 9º ano dos colégio privados (Germano Luders/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 4 de agosto de 2020 às 07h36.

Apesar de o Tribunal de Justiça do Rio ter rejeitado um pedido de liminar do Ministério Público contra o retorno facultativo das aulas presenciais na rede privada de ensino, liberado nesta segunda-feira pela prefeitura, o governo do estado vai prorrogar nesta quarta-feira o decreto que impede as instituições — tanto públicas quanto particulares — de reabrirem as portas. A informação foi antecipada ao GLOBO pelo secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes. Segundo ele, unidades que retomarem as atividades sem o aval do estado são passíveis de punição, inclusive fechamento. No entanto, Fernandes destacou que, num primeiro momento, a ideia é orientá-las a suspender as aulas.

De 17 redes de ensino e colégios ouvidos pelo GLOBO, quatro revelaram nutrir a expectativa de voltar a receber alunos na segunda quinzena deste mês, mas o restante afirmou ainda não ter uma data definida para fazê-lo porque aguarda um entendimento entre o município e o estado. Nesta segunda, de acordo com um levantamento feito pelo “RJ TV”, da Rede Globo, apenas duas abriram as portas. A orientação do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe) é acatar a decisão do Palácio Guanabara nos casos do ensino fundamental e médio.

O prefeito Marcelo Crivella havia autorizado a volta das turmas de 4º, 5º, 8º e 9º ano dos colégio privados. Para a educação infantil, foi estabelecida uma previsão de retomada das aulas no próximo dia 17. Mas, de acordo com Pedro Fernandes, a Saúde do estado não vê condições para o retorno dos estudantes diante do atual cenário da pandemia de Covid-19:

— O decreto vai ser prorrogado. As escolas não retornarão com aulas presenciais até que a Saúde diga que existem condições — afirmou o secretário, acrescentando que a decisão deverá ter validade de 15 dias e que, se o quadro se tornar favorável antes disso, o estado poderá reavaliá-la. — O combinado é que, enquanto o Rio não tiver a chamada bandeira verde (
que representa risco muito baixo de contágio
), a situação das escolas não muda.

Ele ressaltou que a volta às salas de aula dos alunos dos ensinos fundamental e médio está condicionada a uma determinação do estado, que não vê razão para a prefeitura estabelecer prazos apenas para escolas privadas, deixando as públicas sem uma previsão de retorno.

— O município trata de educação infantil, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Constituição estadual. Quando a prefeitura falou que as escolas poderiam retornar, se esqueceu que ela só trata de educação infantil. A ampla maioria das escolas particulares não voltou (nesta segunda-feira) porque sabe disso.

Retomada em Jacarepaguá

O Colégio Camões-Pinochio, em Jacarepaguá, voltou a ter aulas, recebendo cerca de 40 alunos. Os estudantes encontraram uma rotina bem diferente: na entrada, todos tiveram que medir a temperatura e higienizar as mãos com álcool em gel. Nas salas, as carteiras ficaram afastadas dois metros umas das outras, e os alunos e professores foram orientados a usar máscaras de proteção o tempo todo. Da educação infantil ao ensino médio, a escola conta com um total de 570 estudantes.

— Optamos por um modelo em que os professores, neste primeiro momento, continuam em casa, gravando aulas e fazendo transmissões ao vivo — explicou o diretor executivo do colégio, Luciano Nogueira, antes de saber do posicionamento do secretário estadual de Educação.

Para Vinicius Canedo, diretor do Sinepe e do colégio Mopi (com unidades na Barra e na Tijuca), o quadro atual da pandemia no Rio permite que as aulas presenciais sejam retomadas, porém ele espera o aval das autoridades e lamenta o descompasso entre o município e o estado:

— Precisamos trabalhar com algum planejamento, mudar a discussão do “quando voltar” para “como retomar com segurança”. Se mantivermos as escolas fechadas, serão muitos os malefícios.

Na noite de domingo, ao negar o pedido de liminar contra a decisão da prefeitura de autorizar o retorno das aulas presenciais na rede privada, a juíza Márcia Alves Succi, da Vara do Plantão Judiciário da Comarca da Capital, lembrou que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que compete aos estados e municípios definir formas de flexibilização do isolamento social, pois as regras constitucionais também visam à racionalidade coletiva.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEscolasRio de Janeiro

Mais de Brasil

Comissão de Ética da Presidência da República recebe mais duas denúncias contra Silvio Almeida

De olho no 2º turno, Lula desembarca em SP para campanha com Boulos e comícios em Mauá e Diadema

Abílio Brunini tem 48,6% e Lúdio Cabral, 47,9%, no segundo turno em Cuiabá, diz pesquisa Futura

Cícero Lucena tem 58% e Marcelo Queiroga, 31%, no segundo turno em João Pessoa, diz pesquisa Quaest