Brasil

Prefeitura de SP vai aumentar subsídio dos ônibus, que chegará a R$ 3 bi

A previsão no orçamento era de que essa despesa seria de R$ 2,1 bilhões

Ônibus: o subsídio é um recurso que a Prefeitura repassa às empresas para ajudar a completar o custo (Getty Images/Getty Images)

Ônibus: o subsídio é um recurso que a Prefeitura repassa às empresas para ajudar a completar o custo (Getty Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de maio de 2018 às 11h29.

São Paulo - O prefeito Bruno Covas (PSDB) vai aumentar em R$ 900 milhões os repasses para as empresas de ônibus que operam na cidade de São Paulo. Com isso, o gasto total com esse subsídio deve chegar a cerca de R$ 3 bilhões neste ano, quase o mesmo valor usado em 2017. A previsão no orçamento era de que essa despesa seria de R$ 2,1 bilhões.

O subsídio é um recurso que a Prefeitura repassa às empresas para ajudar a completar o custo dos sistema de transporte.

O dinheiro serve para bancar as passagens gratuitas, como a segunda ou terceira viagem de ônibus que o usuário do bilhete único pode fazer, e as viagens grátis para idosos e estudantes.

Parte do dinheiro que vai pagar essa conta será transferida da área de investimentos públicos, que tem previsão de receber verbas obtidas com as privatizações.

O anúncio desse remanejamento foi feito pelo prefeito na última sexta-feira, durante o Summit Mobilidade Latam 2018, evento promovido pelo Estado em parceria com a 99.

Covas afirmou que "neste ano, (o subsídio) deve ter a mesma quantidade que a gente teve no ano passado, uma faixa de R$ 3 bilhões". O prefeito mencionou o valor ao tratar da nova licitação para o sistema de ônibus municipal, que deve "melhorar e modernizar a frota, com ônibus acessíveis, ar-condicionado e Wi-Fi", além de reorganizar as linhas.

Os recursos extras para as empresas de ônibus virão de todas as atividades "não essenciais" da Prefeitura, segundo o secretário municipal da Fazenda, Caio Megale.

"Sei de onde não vamos tirar: pessoal, Previdência, pagamento da dívida que temos com a União e do custeio dos hospitais, da educação, da assistência social e da manutenção dos equipamentos públicos." Assim ficam sujeitas a perder verbas, por exemplo, ações da zeladoria urbana, como obras de canalizações de rios e contenção de encostas.

A tarifa passou de R$ 3,80 para R$ 4 neste ano, após ficar congelada durante 2017. Essa havia sido uma das principais promessas de campanha feitas pelo ex-prefeito João Doria (PSDB), que deixou o cargo em março para tentar a vaga de governador do Estado.

Privatizações

Megale diz que o aumento ocorreu em patamar abaixo da inflação, mas que o custo para manter a frota de 14,5 mil ônibus em circulação foi corrigido. Entre as despesas em alta está o preço do óleo diesel, que já havia sofrido pressão com a disparada do dólar e, mais recentemente, pelo aumento do preço do petróleo no mercado internacional - o que também motiva a paralisação dos caminhoneiros.

O secretário, entretanto, também diz que a verba extra se fez necessária porque o programa de privatizações da Prefeitura ainda não decolou. "As concessões não vieram, (incluindo) as dos terminais de ônibus e do bilhete único", diz Megale.

A Prefeitura tinha expectativa de usar os recursos dessas concessões para bancar investimentos previstos no orçamento, como corredores de ônibus e novos hospitais. A expectativa, segundo a proposta orçamentária enviada à Câmara em 2017, é do ingresso de pelo menos R$ 1 bilhão ainda este ano com o plano de desestatização.

Câmara

Megale afirma que a proposta enviada ao Legislativo em setembro trazia expectativa de gasto maior com o subsídio. "A proposta que enviamos era de R$ 2,4 bilhões, mas o valor foi alterado na Câmara."

Os vereadores retiraram recursos do subsídio para engrossar o caixa das Prefeituras Regionais, seus redutos eleitorais, que tocam serviços de zeladoria.

"Quando fizemos a proposta, também esperávamos um valor de reajuste da tarifa que terminou sendo menor (do que a inflação)", diz o secretário. Ele também atribui a necessidade do subsídio extra à elevação de viagens gratuitas, especialmente por idosos.

"A população idosa vem crescendo a cada ano. Essa é uma discussão (a revisão dos benefícios) que terá de ser feita no futuro pela Câmara."

Mesmo com as frustrações de receitas, nos primeiros quatro meses deste ano a cidade teve o maior volume de investimentos públicos desde 2015, primeiro ano da crise econômica no País. Dados do Portal da Transparência da Prefeitura mostram gastos de R$ 404,7 milhões até abril deste ano. Em valores corrigidos pela inflação, esse montante no ano passado foi de R$ 629 milhões.

A nova licitação do transporte público, que deve ser concluída em junho, prevê que o gasto com a operação do sistema se mantenha nos mesmo patamar de hoje, cerca de R$ 7 bilhões por ano. O restante dos gastos deve vir da venda de passagens.

De acordo com a Prefeitura, mesmo com a redução de cerca de mil veículos da frota, a troca dos ônibus atuais por coletivos mais modernos exige os recursos a mais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Bruno CovasSão Paulo capitalTransporte público

Mais de Brasil

Prefeitura de SP faz projeção de imagens em homenagem ao Papa Francisco

'Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula', diz deputado ao recusar cargo de ministro

Lula, Bolsonaro, Tarcísio, Michelle e Ciro: Paraná Pesquisas simula cenários das eleições de 2026