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'Prefeitura de SP não é trampolim político', diz Haddad

Escolhido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para representar o PT em São Paulo começa a abandonar o comedimento de ministro

Ministro relatou que vinha discutindo há pelo menos dois anos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade de se lançar candidato a um cargo majoritário (Elza Fiúza/Abr)

Ministro relatou que vinha discutindo há pelo menos dois anos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade de se lançar candidato a um cargo majoritário (Elza Fiúza/Abr)

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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2012 às 19h18.

São Paulo - Inexperiente nas urnas, mas certeiro no ataque. Assim deve se apresentar o ministro da Educação, Fernando Haddad, ao eleitorado paulistano na sucessão municipal de 2012. O escolhido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para representar o PT em São Paulo começa a abandonar o comedimento de ministro para incorporar o tom aguerrido de um candidato ao comando da maior cidade do País. Em entrevista exclusiva à Agência Estado, o pré-candidato do PT considerou que deixa um "legado" ao Brasil pelo período que ficou à frente do Ministério da Educação e negou que tenha se valido do cargo de ministro para fins eleitorais. "Não fiz do Ministério da Educação um trampolim político para nada", disparou. O petista criticou ainda a falta de compromisso de quem não cumpre o mandato e disse que, se for eleito, irá permanecer os quatro anos à frente da administração municipal. "É que isso se tornou hoje uma piada, infelizmente, porque a palavra das pessoas deveria contar mais do que qualquer outra coisa", ressaltou.

"As pessoas têm de ter compromisso com o que falam", cobrou o petista, numa referência ao ex-governador José Serra (PSDB), que permaneceu à frente da Prefeitura de São Paulo por apenas quinze meses para se lançar ao governo de São Paulo. Para a campanha eleitoral, o "quase ex-ministro" disse esperar um nível de discussão diferente do apresentado na sucessão presidencial de 2010, quando questões como aborto e religião figuraram no centro do debate eleitoral. "Antes mesmo do governo, você tem de mostrar respeito pela cidade e respeitar a cidade é ter com o eleitor um compromisso de empenhar sua palavra, de falar a verdade", afirmou. O ministro disse ainda que não está preocupado se a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá render dividendos eleitorais à sua candidatura e reconheceu que essa eventual transferência de votos "não é automática". "Não estamos falando de um município onde o PT não tenha tradição, pois partido teve duas administrações bem avaliadas pela população."

A poucos dias de deixar o governo Dilma Rousseff, em janeiro de 2012, o ministro relatou que vinha discutindo há pelo menos dois anos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade de se lançar candidato a um cargo majoritário, mas só recentemente "autorizou" o ex-presidente a viabilizar sua candidatura. Ora com o rolo compressor, ora com o apelo, como aconteceu com a senadora Marta Suplicy, o ministro conseguiu deixar para trás quatro pré-candidatos do PT. "O partido entendeu que era o momento ideal para se testar uma alternativa nova e eu penso que isso vai ser assimilado", comentou o pré-candidato, que se diz seguro do apoio da militância petista, à qual até outro dia era um ilustre desconhecido. O ministro disse que seu foco atual é a Prefeitura de São Paulo e tergiversou quando perguntado se tem a pretensão de um dia concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. "Eu tenho pretensão de me eleger à Prefeitura de São Paulo e já está de bom tamanho."

Em um esforço para se aproximar da senadora Marta Suplicy, com quem espera contar como cabo eleitoral em 2012, o ministro atribuiu à petista a criação dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), e elogiou a sua administração à frente da Prefeitura de São Paulo, de 2001 a 2004. O petista, que fez parte da administração da então prefeita, foi confrontado sobre a criação da Taxa do Lixo, apontada como um dos fatores responsáveis pela então prefeita não ter sido reeleita na capital paulista. "Ela tomou essa decisão em função da concessão do serviço público que acabou sendo feita e ela própria reconheceu que não faria novamente." O ministro comparou o imposto à Taxa de Inspeção Veicular da gestão do atual prefeito Gilberto Kassab (PSD), a qual, em sua visão, "está na mesma ordem de grandeza", mas sem apresentar resultados concretos para o meio ambiente. "Se você for considerar, essa taxa de inspeção veicular também é uma taxa e não recebeu tantas críticas quanto à anterior, embora a questão tenha tomado outro rumo", alfinetou.

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