Moradores se deslocam em barcos após inundações devido a fortes chuvas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (NELSON ALMEIDA /AFP)
Agência de notícias
Publicado em 8 de maio de 2024 às 16h25.
Última atualização em 8 de maio de 2024 às 16h36.
A prefeitura de Porto Alegre pediu na tarde desta quarta-feira a suspensão de operações de resgate por meio de barcos na zona metropolitana. A solicitação foi motivada pelas chuvas na região, com possíveis descargas elétricas e ventos acima de 80 km/h nas próximas horas.
A capital gaúcha enfrenta enchentes desde a última semana. Ao todo, o Rio Grande do Sul contabiliza 100 mortes decorrentes dos temporais.
"Atenção! Pedimos que os barcos em operações de resgate suspendam temporariamente suas atividades, devido à previsão de chuva de até 15 mm, possíveis descargas elétricas e ventos acima de 80 km/h nas próximas horas na região metropolitana", publicou o Centro Integrado de Coordenação de Serviços (Ceic Porto Alegre), na rede social X (ex-Twitter).
Uma Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) da Força Aérea Brasileira (FAB) caiu e colidiu com o solo em área desabitada nesta terça-feira. O drone estava sendo usado para auxiliar no resgate de isolados após os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul desde o fim de abril.
“Uma Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), da FAB, que é empregada nas missões de apoio aos atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul, apresentou durante sua operação um problema técnico e veio a colidir com o solo, em região desabitada, nesta terça-feira (7/5). A Força Aérea informa que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) vai investigar os fatores contribuintes da ocorrência aeronáutica", diz a nota da FAB.
O modelo israelense RQ-900 — aeronave não tripulada e pilotada remotamente — pertence à Base de Santa Maria e vai sobrevoar locais atingidos em busca de pessoas em situação de risco. Esse modelo pode voar por 36 horas sem precisar reabastecer e atinge altitudes de até 9 mil metros (30 mil pés). O drone já tinha ajudado a resgatar 36 pessoas em apenas 24 horas de voo.
O número de mortes em decorrência das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul subiu para 100, de acordo com o último boletim da Defesa Civil do estado, divulgado no começo da tarde desta quarta-feira. Há ainda o registro de 128 desaparecidos e estima-se que o temporal tenha atingido pelo menos 1,4 milhão de pessoas até agora.
As autoridades locais ainda investigam se outras quatro mortes estão relacionadas com eventos meteorológicos. Ao todo, há 66.761 pessoas em abrigos, 163,72 mil desalojados, e 372 pessoas feridas socorridas.
O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu quatro alertas de chuvas para o Rio Grande do Sul. O alerta de "Grande Perigo" é para tempestades no sudoeste e sudeste do estado. Durante a madrugada e pela manhã desta quarta-feira, as chuvas ficam concentradas na parte sul do estado. Já os dois de "Perigo" são do sul ao centro gaúcho, com previsão de tempestade e granizo de forma isolada.
"Na parte do sudeste gaúcho é um acumulado por causa das chuvas, que já ultrapassaram os 100 milímetros na região próxima a Pelotas. Também há um aumento do nível da água das praias. Em termos de previsão, a região ainda segue com tendências de chuva nessa área", explica Andrea Ramos, meteorologista do Inmet.
Na capital Porto Alegre e nas regiões noroeste, nordeste e centro oriental do estado o alerta é de "Perigo Potencial", com chuva até 50 mm/dia e ventos intensos (40-60 km/h). Ainda há baixo risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas. A especialista explica que essas previsão acontece devido ao deslocamento de uma frente.
"Para Porto Alegre tem uma possibilidade de uma chuva isolada. O agravante vai ser o vento, que será um pouco mais forte por causa do deslocamento da frente, que irá fazer uma incursão no Rio Grande do Sul", destaca Ramos.
O MetSul também alertou que há previsão de mais chuvas no estado gaúcho em decorrência de uma frente fria associada a um ciclone extratropical na costa da Argentina. Com a passagem da frente fria, pode ocorrer ventos quentes e secos antes da chuva em várias cidades. Ainda segundo o instituto, será um episódio de instabilidade durante vários dias.