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Prefeitura de Niterói assume traslado de brasileira morta na Indonésia

A família aguarda a liberação do corpo pelas autoridades indonésias para iniciar o processo de repatriação

Juliana Marins: brasileira morreu após quatro dias de espera por resgate na Indonésia  (resgatejulianamarins/Instagram)

Juliana Marins: brasileira morreu após quatro dias de espera por resgate na Indonésia (resgatejulianamarins/Instagram)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 26 de junho de 2025 às 08h39.

A Prefeitura de Niterói vai assumir o traslado do corpo da publicitária Juliana Marins, de 26 anos, que morreu após cair de um penhasco durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia. A jovem era moradora da cidade e estava em viagem de turismo pelo Sudeste Asiático.

O anúncio foi feito pelo prefeito Rodrigo Neves (PDT), que afirmou ter conversado com a irmã de Juliana, Mariana Marins. Segundo ele, a gestão municipal se comprometeu a prestar apoio à família e a garantir que o corpo da jovem retorne ao Brasil para ser velado e sepultado em sua cidade natal.

A família aguarda a liberação do corpo pelas autoridades indonésias para iniciar o processo de repatriação. O velório e sepultamento ocorrerão em Niterói, mas a data ainda depende da conclusão dos trâmites internacionais.

Quem era Juliana Marins?

Juliana era natural de Niterói, no Rio de Janeiro, e atuava como publicitária. Apaixonada por viagens e esportes ao ar livre, ela havia embarcado para um mochilão pela região do Sudeste Asiático desde fevereiro deste ano. Durante a viagem, a niteroiense visitou países como Filipinas, Tailândia e Vietnã.

Nas redes sociais, a publicitária publicou fotografias recentes da viagem. "Fazer uma viagem longa sozinha significa que o sentir vai sempre ser mais intenso e imprevisível do que a gente tá acostumado. E tá tudo bem. Nunca me senti tão viva", escreveu em publicação do dia 29 de maio.

Juliana, após o acidente, não fez contato com a família diretamente, por falta de sinal. As informações chegaram até o Brasil por meio de um grupo de turistas que também fazia a trilha e conseguiram acionar pessoas próximas à vítima por meio de uma rede social, mandando mensagens para inúmeras pessoas após encontrarem o perfil dela.

Quatro dias de buscas intensas

A queda de Juliana mobilizou autoridades locais, voluntários, a equipe do Parque Nacional de Rinjani, além de amigos e familiares no Brasil. O parque chegou a fechar completamente o acesso turístico às trilhas para concentrar os esforços de resgate. Helicópteros foram acionados, mas encontraram dificuldades para pousar devido à neblina densa e às limitações de espaço aéreo.

A família acompanhava tudo do Brasil e fazia atualizações diárias nas redes sociais, mantendo viva a esperança de reencontrá-la com vida. Nas últimas 48 horas, uma furadeira foi levada até a montanha como parte de uma estratégia alternativa de resgate, e as equipes terrestres conseguiram avançar cerca de 400 metros da descida, estimando que Juliana estivesse a outros 650 metros abaixo.

Juliana caiu na região de Cemara Nunggal, uma área de encosta rochosa e instável na trilha que liga Pelawangan Sembalun ao cume do Monte Rinjani. Considerado um dos pontos mais perigosos da trilha, o local combina declives acentuados, terreno solto e ausência de proteções, o que o torna vulnerável a acidentes mesmo com guias presentes.

A altitude do ponto onde ela caiu está entre 2.600 e 3.000 metros, com forte variação climática e neblina. O sinal de celular praticamente não existe na região, e o resgate do corpo só foi possível por meio de descida com cordas e equipamentos de escalada, dificultando a resposta rápida nas primeiras horas após o acidente.

O relato do guia: “Não abandonei a Juliana”

O guia que acompanhava Juliana Marins pela trilha negou ter abandonado a publicitária antes de ela sofrer um acidente e precisar de resgate. Em entrevista ao jornal O Globo, Ali Musthofa confirmou os relatos da imprensa local de que aconselhou a niteroiense a descansar enquanto seguia andando, mas afirmou que o combinado era somente esperá-la um pouco mais adiante da caminhada.

Ele disse ter prestado depoimento à polícia ainda no domingo, quando desceu da montanha. Segundo Musthofa, que aos 20 anos atua como guia na região desde novembro de 2023 e costuma subir o Rinjani duas vezes por semana, ele ficou apenas "três minutos" à frente de Juliana e voltou para procurá-la ao estranhar a demora da brasileira para chegar ao ponto de encontro.

"Na verdade, eu não a deixei, mas esperei três minutos na frente dela. Depois de uns 15 ou 30 minutos, a Juliana não apareceu. Procurei por ela no último local de descanso, mas não a encontrei. Eu disse que a esperaria à frente. Eu disse para ela descansar. Percebi [que ela havia caído] quando vi a luz de uma lanterna em um barranco a uns 150 metros de profundidade e ouvi a voz da Juliana pedindo socorro. Eu disse que iria ajudá-la", afirmou Musthofa.

"Tentei desesperadamente dizer a Juliana para esperar por ajuda".

Musthofa disse ter ligado para a empresa na qual trabalha para avisar sobre o acidente e pedir que acionassem o resgate.

"Liguei para a organização onde trabalho, pois não era possível ajudar a uma profundidade de cerca de 150 metros sem equipamentos de segurança. Eles deram informações sobre a queda de Juliana para a equipe de resgate e, após a equipe ter conhecimento das informações, correu para ajudar e preparar o equipamento necessário para o resgate", destacou o guia, segundo quem Juliana pagou 2.500.000 rúpias indonésias pelo pacote (o equivalente, na cotação atual, a cerca de R$ 830).

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