Porto Alegre: capital, onde Lula venceu, teve uma das maiores abstenções do RS, mas taxa ainda é menor do que a nacional (Getty Images/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 29 de outubro de 2022 às 12h52.
Última atualização em 29 de outubro de 2022 às 13h03.
No primeiro turno, 1,7 milhão de eleitores deixaram de votar no estado do Rio Grande do Sul, uma taxa de abstenção de 19,78%. O estado ficou abaixo da média brasileira, que teve abstenção de 20,8% (sem contar os ausentes no exterior).
O RS é conhecido por ter uma abstenção menor do que o restante do Brasil. Mas, por ser o quinto maior colégio eleitoral do Brasil, os ausentes no RS, ainda assim, responderam por 5% de todos os que não votaram no primeiro turno em todo o país.
Do ex-presidente Lula ao presidente Jair Bolsonaro, as campanhas dos candidatos à Presidência têm se esforçado para garantir que o maior número possível de eleitores — e, sobretudo, os grupos que pendem para sua base eleitoral — compareçam às urnas no domingo, 30.
Para o segundo turno, historicamente, a abstenção ainda aumenta, o que pode ser um movimento crucial no resultado da eleição. No Rio Grande do Sul, no primeiro turno, Bolsonaro ganhou com folga no estado, enquanto Lula venceu na capital, Porto Alegre, e em cidades da região metropolitana.
Para entender como a abstenção ocorreu no primeiro turno, a EXAME compilou detalhes sobre as ausências nos cinco maiores colégios eleitorais; além do RS, clique nos links para ver a abstenção em detalhes nos outros estados e destaques nacionais:
Percentualmente, as maiores taxas de abstenção ocorreram em cidades pequenas no interior, muitas com mais de 25% dos eleitores sem votar, acima da média do estado. Isso ocorre, em muitos desses lugares, porque alguns dos eleitores já não residem mais no município e terminam não voltando no dia da eleição (embora os motivos variem de cidade a cidade).
A campeã de abstenção foi Sant'ana do Livramento, que tem quase 74 mil eleitores registrados, dos quais quase 30% não votaram no primeiro turno, muito acima da média do estado, segundo o TSE.
As cidades com maior taxa de abstenção no RS foram:
Dentre as cidades gaúchas, porém, há polos em que a abstenção se concentrou, mostra levantamento feito pela EXAME com os dados de primeiro turno da votação.
Se contabilizadas só as cidades médias e grandes, com ao menos 100 mil eleitores registrados, a com maior ausência foi Rio Grande: a cidade tinha mais de 155 mil eleitores registrados para votar, mas quase 38 mil não compareceram, abstenção de 24% (no município, Lula venceu com 35 mil votos a mais).
Em seguida vieram a capital, Porto Alegre (onde Lula também venceu), e São Leopoldo (onde Bolsonaro venceu). Veja abaixo.
A taxa de abstenção em percentual, porém, não é o único fator a ser observado. Como na eleição brasileira cada voto conta, a maior efeito da abstenção vem mesmo das cidades extremamente populosas, porque têm alto número absoluto de ausentes.
Embora perca para Rio Grande em taxa de abstenção percentual, a capital Porto Alegre tem, em números absolutos, a maior quantidade de eleitores que não votaram: 248,3 mil não foram às urnas, dentre os mais de 1,1 milhão de eleitores que estavam aptos.
Outro exemplo é Caxias do Sul, que não figura entre as maiores abstenções do estado (com taxa de somente 18%, abaixo da média), mas ainda assim é a segunda com maior número de ausentes, uma vez que é muito populosa.
No estado do Rio Grande do Sul, Bolsonaro venceu com 48,89% dos votos no primeiro turno, contra 42,28% de Lula. Na capital, a situação se inverteu: Lula teve 49,83% dos votos contra 39,11% de Lula.
No RS, assim como em São Paulo, houve uma divisão mais concentrada dos votos, com Lula vencendo na região metropolitana de Porto Alegre e Bolsonaro vencendo na maior parte do interior. Evitar uma abstenção alta nas grandes cidades gaúchas será crucial para que Lula mantenha votos valiosos no estado, que é o quinto maior colégio eleitoral do país.
No cenário nacional, a leitura geral é de que as abstenções prejudicaram mais Lula do que Bolsonaro no primeiro turno, com ausências numerosas de eleitores em bairros de menor renda e entre eleitores menos escolarizados, grupos que votam mais no petista.
Por outro lado, homens também votaram menos do que mulheres (com abstenção de 22% deles e 20% delas). A abstenção masculina maior é um comportamento que já ocorreu em outras eleições e pode também tirar milhares de votos de Bolsonaro, que é preferido por esse eleitorado, sobretudo em cidades grandes e médias na região Sudeste, onde o presidente tem alto número de votos, mas onde a abstenção também foi alta.
Para o segundo turno, mais de 300 cidades brasileiras, incluindo todas as capitais, implementaram passe livre para o dia da votação. A aposta é que a gratuidade na passagem possa incentivar mais eleitores a não desistir de votar. No primeiro turno, em análises por zona eleitoral nas grandes cidades, a abstenção foi maior nas periferias, que concentram estratos de menor renda.
Pela lei eleitoral, mesmo eleitores que não votaram no primeiro turno podem votar no segundo. Segundo o TSE, cada turno é tratado como uma eleição independente pela Justiça Eleitoral. Porém, em 2018, enquanto 117,4 milhões votaram no primeiro turno, só 115,9 milhões votaram no segundo. Uma diferença como essa, se repetida em 2022, pode fazer a diferença.
Para entender como a abstenção ocorreu no primeiro turno, a EXAME compilou detalhes sobre as ausências nos cinco maiores colégios eleitorais; além do RS, clique nos links para ver a abstenção em detalhes nos outros estados e destaques nacionais: