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Cidades inteligentes trazem maior eficiência, diz especialista

Um estudo sugere que o conceito de Smart City, atrelado às tecnologias digitais, pode tornar as cidades brasileiras mais funcionais, baratas e atraente

 (cifotart/Thinkstock)

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Larissa Moreira

Larissa Moreira

Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 07h30.

Última atualização em 27 de janeiro de 2017 às 15h46.

São Paulo – “Um projeto de cidade inteligente caberia muito bem no Brasil." A leitura é de Michel Pfaeffli, pesquisador suíço e um dos autores do estudo Smart City - Essentials for City Leaders (Cidade Inteligente - O Essencial Para Líderes de Cidades). De acordo com Pfaeffli, em vez de se investir em soluções caras, a adoção de princípios de cidades inteligentes pode aproveitar infraestrutura existente para solucionar questões de grandes espaços urbanos.

O estudo, elaborado a partir de uma parceria entre a escola suíça de negócios IMD e a Swisscom, mostra que estratégias simples poderiam tornar as cidades brasileiras mais funcionais, baratas e atraentes. Segundo Pfaeffli, as tecnologias digitais podem melhorar serviços de qualquer natureza, como iluminação de ruas, gestão do trânsito, estacionamentos e coleta de lixo.

"Utilizar sensores em vagas de um estacionamento, por exemplo,  ajuda a reduzir a emissão de CO2 na atmosfera e evita significativamente o tráfego", diz. "É possível economizar dinheiro ao tornar as operações públicas mais eficientes.”

Veja abaixo os melhores momentos da entrevista com Michel Pfaeffli.

EXAME.com: Quais são as vantagens de uma cidade inteligente para países em desenvolvimento como o Brasil?

Michel Pfaeffli: Existem quatro benefícios básicos quando uma cidade se torna inteligente:

- Maior eficiência, o que significa que um local é capaz de cortar custos ou gerar mais receita por oferecer um serviço;

- Diminuição de impacto ambiental com redução no consumo de energia e na emissão de CO2;

- Maior inclusão social, o que significa oferecer serviços específicos a grupos menos favorecidas, como idosos;

- Maior atratividade por conta de melhorias de segurança pública ou fluxo de tráfego, o que torna o local mais atraente para empresas.

Essas vantagens geralmente se aplicam a todas as cidades ao redor do mundo, independentemente do seu sistema político ou de porte econômico. No entanto, esses benefícios podem não ser igualmente atraentes para todas as cidades, razão pela qual os gestores têm que avaliar qual dos quatro se aplica melhor às suas necessidades.

Nesse caso, a própria cidade é capaz de fazer essa avaliação e analisar seus gargalos para se tornar inteligente, o que pode implicar estratégias e desafios específicos para as necessidades especiais dos seus cidadãos.

Como uma cidade inteligente ajuda na questão ambiental?

Em alguns casos, o impacto ambiental é a principal razão pela qual as cidades querem colocar essas ações em prática.

Uma influência ambiental óbvia seria transformar a iluminação pública de uma cidade em iluminação inteligente, onde ela seria gerenciada e monitorada remotamente. Essa mudança não só implicaria economia de custos operacionais, mas também reduziria o consumo de eletricidade, que tem um impacto ambiental direto.

Para outros projetos, o impacto ambiental pode ser menos óbvio, como é o caso de estacionamentos inteligentes que mostram onde estão vagas livres. Ao passar essa informação, motoristas se dirigem diretamente ao local livre sem a necessidade de circular procurando por vagas. Isso traz redução de tráfego e de emissão de CO2 (gás estufa e poluente).

Como a adoção de tecnologias inteligentes pode impactar a economia de uma cidade?

Em nossa pesquisa, observamos impactos centrais. Em primeiro lugar, elas podem receber novos cidadãos e empresas, o que significa um aumento na arrecadação de impostos, porque o local se tornou mais atraente para viver e fazer negócios.

Em segundo lugar, as cidades podem experimentar desenvolvimento econômico com a criação de novos postos de trabalho, mas também com a diversificação da economia local.

Em terceiro, as cidades às vezes são capazes de economizar dinheiro graças aos projetos elaborados, sendo capazes de reduzir o consumo de energia ou tornar as operações mais eficientes.

Por último, as soluções inteligentes podem gerar receitas adicionais, como na implementação de um estacionamento inteligente.

Uma cidade inteligente pode funcionar no Brasil?

Sim. Levando em consideração que, assim como o Brasil, a maioria das cidades tem o desafio de reduzir o congestionamento em sua região central, a tecnologia digital entra como uma solução perfeita: é possível usar dados gerados por uma rede móvel e transformá-los em indicadores de tráfego, por exemplo. Esse tipo de projeto é ainda mais relevante em um país como o Brasil, onde apenas 20% das cidades possuem tecnologia de gerenciamento de tráfego.

Portanto, um projeto inteligente caberia muito bem aos brasileiros já que em vez de investir dinheiro em soluções muito caras e implementar sensores, uma alternativa seria aproveitar a infraestrutura já existente.

Um exemplo prático e atual é o projeto Croatà Laguna Ecopark, no Ceará. A iniciativa consiste em criar uma nova cidade para abrigar 20 mil moradores e tornar-se mais socialmente inclusa.

O fato é que as cidades inteligentes são uma tendência global impulsionada pelos desafios que os municípios estão enfrentando de um lado e as possibilidades ofertadas pelas tecnologias digitais. O meu objetivo é compartilhar conhecimentos e ferramentas para apoiar todas as cidades a serem mais eficazes em sua jornada para se tornarem "inteligentes".

 

 

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