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Por que tantas escolas foram ocupadas, segundo jovem de 16 anos

Ana Júlia afirmou que o projeto Escola Sem Partido “humilha” os estudantes e a PEC 241 “é uma afronta” à Constituição Cidadã de 88

Estudante: "De quem é a escola? A quem a escola pertence?" (Facebook/Reprodução)

Estudante: "De quem é a escola? A quem a escola pertence?" (Facebook/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2016 às 14h54.

Última atualização em 6 de dezembro de 2016 às 10h17.

"Eu sou Ana Júlia, estudante secundarista do colégio estadual Senador Alencar Manuel de Guimarães, tenho 16 anos e estou aqui para conversar com vocês para falar sobre as ocupações".

Foi assim que começou o longo depoimento da estudante na Assembleia Legislativa do Paraná. O estado tem mais de 800 escolas ocupadas e os secundaristas têm sido criticados por uma suposta "doutrinação". Ana Júlia defendeu a legitimidade das ações dos estudantes e rechaçou a ideia de que as ocupações sejam violentas.

"De quem é a escola? A quem a escola pertence? É um insulto a nós, que estamos lá, nos dedicando, procurando motivação todos os dias, sermos chamados de doutrinados. É um insulto aos estudantes, aos professores", afirmou.

Da tribuna, Ana Júlia afirmou que o projeto Escola Sem Partido “humilha” os estudantes e a PEC 241 “é uma afronta” à Constituição Cidadã de 88. "A gente sabe que a gente precisa de uma reforma do Ensino Médio. Mas a gente precisa de uma reforma que seja estudada. Que precisa ser feita com os profissionais da educação".

Sobre as acusações de violência, a estudante disse não ter visto o rosto de nenhum dos deputados no enterro do menino Lucas Eduardo Araújo Mota, morto após facadas no pescoço e no tórax na Escola Estadual Santa Felicidade, que está ocupada. "Nós não estamos lá por baderna, nós não estamos lá de brincadeira. Nós estamos lá por um ideal. Estamos lá porque a gente acredita no futuro do nosso País".

Confira o depoimento de Ana Júlia na íntegra:

Ao lado dos pais, a estudante foi entrevistada pelo Jornalistas Livres:

Eleições

Apesar do prazo dado pelo Ministério da Educação (MEC) de desocupar as escolas até o dia 31 para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os estudantes do Paraná reuniram-se em assembleia e decidiram que a decisão pela desocupação cabe a cada escola. Os estudantes que participam do movimento Ocupa Paraná reuniram-se nesta quarta-feira (26) em assembleia em Curitiba. Em comunicado, informam que não há orientação para desocupação, mas que o grupo de representantes das escolas deixou claro que os estudantes não deixarão as escolas sem a garantia do atendimento das reivindicações.

Os estudantes pedem que os candidatos do Enem sejam realocados em outros locais de prova, a exemplo do que foi feito pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, que transferiu os eleitores que votariam em escolas estaduais para outros locais.

Essa foi a primeira vez que os estudantes de diversas ocupações do estado se reuniram para debater os rumos do movimento. Ao todo, de acordo com o Ocupa Paraná, participaram representantes de 600 ocupações. No estado, segundo o movimento, são mais de 800 escolas. O último balanço do governo estadual é de que 792 escolas estão ocupadas. O estado concentra o maior número das mais de 1 mil ocupações registradas em todo o país.

Conteúdo originalmente publicado em HuffPost Brasil.

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