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Por que PT e PMDB brigam tanto pela presidência da Câmara?

A briga pelo cargo colocou PT e PMDB em lados opostos. Estão no páreo Eduardo Cunha (PMDB), Arlindo Chinaglia (PT), Júlio Delgado (PSB) e Chico Alencar (PSOL).

Visão geral do plenário da Câmara dos Deputados durante sessão do Congresso Nacional, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

Visão geral do plenário da Câmara dos Deputados durante sessão do Congresso Nacional, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 05h00.

São Paulo – A eleição para a presidência da Câmara dos Deputados acontece no domingo e a disputa está acirrada. A briga pelo cargo colocou PT e PMDB em lados opostos, enquanto a oposição decide que rumo tomar. Estão no páreo Eduardo Cunha (PMDB), Arlindo Chinaglia (PT), Júlio Delgado (PSB) e Chico Alencar (PSOL).

Cunha e Chinaglia dividem a base de apoio do governo. Chico Alencar busca ser o candidato dos progressistas. Já Delgado reúne boa parte da oposição ao seu redor, apesar de parte do PSDB estar inclinada a apoiar o candidato do PMDB.

Entenda qual é a importância desse cargo e por que há tanta disputa por ele:

O poder do presidente da Câmara

O presidente da Câmara é o terceiro na escala hierárquica do país. Isso quer dizer que, se Dilma Rousseff e o vice Michel Temer não puderem exercer o cargo, é o presidente da Câmara que assume o controle do país.

Mas o presidente da Câmara também é quem decide o que será colocado em votação no plenário. Portanto, ele tem o poder para definir quais temas saem ou não saem do lugar.

“É um cargo que influencia muito no que vai ser decidido no Congresso Nacional”, resume Leonardo Barreto, doutor em ciência política pela UnB (Universidade de Brasília). No caso de uma CPI e até de um pedido de impeachment, sua posição será decisiva.

A disputa entre PT e PMDB

A eleição que acontece domingo tem uma especificidade em relação às anteriores: coloca em rota de colisão PT e PMDB, os maiores partidos da base do governo.

Candidato do PMDB, Eduardo Cunha é conhecido por sua posição “independente” em relação ao Palácio do Planalto. “Eduardo Cunha tem se configurado como um candidato de oposição mais forte do que o próprio oposicionista Júlio Delgado”, afirma Barreto.

Segundo o especialista, essa disputa interna tem origem na dificuldade de articulação política do governo federal. “O governo tem problemas para nomear ministérios e provavelmente terá problemas para liberar emendas, devido à crise fiscal. Nesse cenário, Eduardo Cunha é um líder que está aproveitando uma oportunidade”, resume.

O fim do acordo tácito entre partidos

Outro ponto que entra para acirrar os ânimos nessa disputa, segundo Barreto, é o fim do acordo para a alternância de poder na Casa.

O cientista político explica que, durante um período, PT e PMDB concordaram em se revezar na presidência da Casa. A cada dois anos, um dos partidos assumia o cargo. Por essa lógica, agora seria a vez do PT.

No entanto, no último período os partidos têm se distanciado no Congresso. É nesse contexto que Eduardo Cunha lança sua candidatura.

Como fica depois da eleição

Dos quatro candidatos que disputam o cargo, apenas dois têm chances reais de ganhar: Eduardo Cunha (PMDB) e Arlindo Chinaglia (PT). Segundo Barreto, nenhum dos dois cenários é confortável para o governo.

Isso porque, caso a vitória seja do PT, o partido terá levado a presidência, mas precisará conviver com uma espécie de aliado de oposição. “Cunha será um líder do PMDB rancoroso. É um jogo de perde-perde”, avalia.

Já na hipótese de Cunha ganhar a eleição, o PT terá perdido uma grande batalha pelo poder no Congresso, saindo enfraquecido e com menos influência em momentos de decisões importantes. 

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