Submarino: Segundo a Marinha do Brasil, trata-se de uma tradição marítima que "representa proteção aos homens que se farão ao mar" (Claudio Kbene/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 27 de março de 2024 às 08h27.
A primeira-dama Janja será madrinha do submarino Tonelero (S42), que será lançado ao mar pela primeira vez, nesta quarta-feira, no Complexo Naval e Industrial de Itaguaí (CNI), em um evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente francês Emmanuel Macron, em visita oficial ao país. A cerimônia, conhecida como "batismo", é tradicional no meio naval.
Segundo a Marinha do Brasil, trata-se de uma tradição marítima que "representa proteção aos homens que se farão ao mar". O batismo é feito por uma madrinha, que quebra uma garrafa de vidro na embarcação. É também nessa cerimônia que o submarino ou navio ganha seu nome oficial.
Janja não é a primeira-dama a cumprir o papel de madrinha de uma embarcação da esquadra brasileira. Em dezembro de 2018, no lançamento ao mar do submarino Riachuelo, a ex-primeira-dama Marcela Temer teve a mesma função, assim como, em 2020, fez Adelaide Chaves Azevedo e Silva, mulher do então ministro da Defesa, Fernando Azevedo.
O #Submarino #Riachuelo é batizado por sua madrinha, a Primeira Dama Marcella Temer. #S40 #Tecnologia #PROSUB #MarinhadoBrasil #AmazôniaAzul pic.twitter.com/ZkpqYzv9NH
— Marinha do Brasil (@marmilbr) December 14, 2018
Adelaide Azevedo foi uma solução de última hora após a então primeira-dama Michelle Bolsonaro cancelar sua participação no batismo do submarino Humaitá. Ela não chegou a dar uma explicação do motivo pelo qual não compareceu ao evento. Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi madrinha, por sua vez, do submarino Timbirá, lançado ao mar em 1996.
Marisa Letícia, primeira mulher do presidente Lula, foi madrinha de navio cargueiro Log-in Jatobá, inaugurado em 2010, e da plataforma de petróleo P-51. Em 1937, Darcy Vargas, mulher de Getúlio Vargas, foi madrinha do monomotor Parnaíba, que ainda se encontra em serviço no Comando da Flotilha do Mato Grosso, sendo o mais antigo navio ainda em atividade na Marinha brasileira.
Apesar da cerimônia, o novo submarino, com propulsão diesel-elétrica, ainda não será incorporado à esquadra brasileira. A entrega da embarcação, prevista inicialmente para 2020, só ocorrerá depois do submarino passar por uma série de testes nas águas de Itaguaí para avaliar sistemas de combate e navegação, bem como a sua estabilidade no mar.
O Tonelero é um dos quatro submarinos convencionais do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), fruto de uma parceria entre Brasil e França firmada em 2008. O programa prevê a transferência de tecnologia francesa para a construção de embarcações nacionais. Por isso, o Tonelero guarda semelhanças com os submarinos da classe Scorpène. O modelo brasileiro, no entanto, é maior que o francês, tendo 71 metros de comprimento e um deslocamento submerso de 1.870 toneladas. Dotado de quatro motores a diesel e um elétrico, ele tem uma autonomia de mais de 70 dias, podendo atingir mais de 250 metros de profundidade. A tripulação do Tonelero será composta de oito oficiais e 27 praças, totalizando 35 militares.
Cerca de R$ 40 bilhões já foram gastos no Prosub desde que o acordo entre França e Brasil foi feito. Outros dois submarino movidos a energia diesel e elétrica já foram concluídos e entregues: o Humaitá, em janeiro deste ano, e o Riachuelo, incorporado à esquadra da Marinha em setembro de 2022. O último desses novos submarinos convencionais é o Angostura, ainda em fabricação. No entanto, a principal embarcação militar desenvolvida dentro do programa é o Álvaro Alberto, o submarino de propulsão nuclear da Marinha, previsto para ser concluído no final da década, após diversos atrasos.
"É possível utilizá-los (os submarinos convencionais) em patrulhas, normalmente são mais silenciosos e furtivos. Entretanto, necessitam de emergir para o carregamento das baterias, reduzindo a sua autonomia e alcance operacional. Já os submarinos de propulsão nuclear possuem maior autonomia, podem submergir em águas mais profundas e ampliam o horizonte do emprego estratégico desse armamento", explica o professor Augusto Teixeira, do curso de Relações Internacionais da UFPB.