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'Por que Bolsonaro não esclarece a polêmica da Covaxin?', diz Poit do Novo

Indícios de corrupção e falta de reformas levaram o Partido Novo a apoiar a abertura de pedido de impeachment do presidente

Deputado Vinicius Poit (Novo-SP), líder da bancada na Câmara (Câmara/Divulgação)

Deputado Vinicius Poit (Novo-SP), líder da bancada na Câmara (Câmara/Divulgação)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 5 de julho de 2021 às 20h21.

Última atualização em 6 de julho de 2021 às 16h09.

A decisão do partido Novo de apoiar a abertura do processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, anunciada ao meio-dia desta segunda-feira, 5, foi oficializada em uma reunião via Zoom, no domingo, 4, à noite. Mas os elementos que levaram a esse posicionamento não surgiram ontem e não são consenso entre os deputados da bancada na Câmara.

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O descontentamento pontual existe desde o início do governo, mas começou a tomar proporções maiores no ano passado, com avaliações negativas da gestão da pandemia e com evidências de que boa parte das promessas relacionadas à agenda econômica não iriam sair do papel.

Em março deste ano, o Novo declarou oposição ao governo, alegando, entre outros motivos, o abandono de pautas como “reformas essenciais para o cidadão e para o retorno ao crescimento sustentável do país”. Ao longo do ano, a insatisfação cresceu e, com denúncias recentes envolvendo suspeitas de corrupção, se tornou insustentável para uma ala do partido.

O Diretório Nacional foi unânime pelo impeachment, na noite de domingo. E, dos 19 diretórios estaduais, apenas um se manifestou contrário: do Rio Grande do Norte. Em Brasília, entretanto, nem todos os deputados federais se posicionam contra a manutenção do mandato de Bolsonaro – por enquanto, apenas três se manifestaram publicamente de acordo com a decisão do partido: Poit, Tiago Mitraud (MG) e Adriana Ventura (SP).

Os desdobramentos da CPI da Covid foram essenciais para a decisão de apoiar a abertura do processo contra Bolsonaro, segundo o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro. "Foi a CPI que, de fato, conseguiu demonstrar, de forma documental, a omissão e negligência do governo na aquisição das vacinas, atrasando a imunização e impedindo que dezenas de milhares de vidas fossem salvas", afirma.

Os “fortes indícios de corrupção” que vieram à tona nas últimas semanas, com os casos da Covaxin e da propina da Astrazeneca, também pesaram para a decisão do partido, assim como o fato de o presidente não ter se manifestado a respeito deles. A omissão de Bolsonaro é um dos motivos mais relevantes para que o partido tenha concluído que é melhor que ele desocupe o Palácio do Planalto.

"Por que o presidente não esclarece de uma vez por todas essa polêmica da Covaxin? Tem um monte de coisa nebulosa. Por que não vem a público e esclarece sobre a Abin, sobre a Pfizer?", questiona o deputado Vinicius Poit (SP), líder do Novo na Câmara.

O problema, para esse grupo, não é só a omissão pública, mas a falta de respostas aceitáveis para perguntas que os deputados da bancada vinham fazendo há tempos. Mais de 60 pedidos de informação enviados ao governo nos últimos meses foram respondidos de forma considerada insatisfatória pelos parlamentares, sobre temas que envolvem desde vacinação contra a covid-19 até interferência do governo na Polícia Federal.

“A gente utilizou tudo que dava de fiscalização, de requerimento de informação, representação no TCU (Tribunal de Contas da União), pedido de CPI no caso da interferência da Abin. O presidente não esclarece, não dá satisfação, não responde”, diz Poit.

Sem consenso

Os sinais de insatisfação estavam sendo enviados ao longo do ano. Entre os nomes que já defendiam o processo de impeachment está o de um dos fundadores do partido, João Amoêdo, que em junho já dizia que o processo estava “muito atrasado”. Ainda antes, em janeiro, a vereadora Cris Monteiro e o deputado estadual Daniel José, em São Paulo, entre outros, tuitavam a favor do impeachment de Bolsonaro.

Resta saber se a ala contrária ao posicionamento oficial do partido votará a favor do impeachment, caso o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), paute algum dos 123 pedidos na gaveta. Segundo Ribeiro, caso seja acatado o pedido, a tendência é que o partido feche questão, o que significa que todos devem votar no mesmo sentido, e os dissidentes podem sofrer punições.

"Consideramos que seja responsabilidade do partido dar esse norte e trabalhar para convergir todos na mesma direção. Naturalmente, por se tratar de um posicionamento, a decisão ainda não é vinculante. Mas uma vez acatada a denúncia, fecharemos questão junto à bancada", afirma Ribeiro.

O Novo ainda vai decidir se incluirá um novo pedido de impeachment à lista, mas, a princípio, apoia o protocolado pelo movimento Vem Pra Rua, que trata das omissões e erros na pandemia, demora na aquisição de vacinas, tentativas de uso de órgãos subordinados à Presidência para fins de interesses pessoais e a "inação" do presidente em possíveis casos de corrupção na aquisição de vacinas.  

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