São Paulo – Agosto será um mês intenso para o governo
Dilma Rousseff. Os petistas já devem estar contando os dias para que a agenda se esvazie dos eventos que devem causar desconforto ao Planalto este mês. O primeiro deles já tem data marcada para o dia 6. Na primeira semana da volta do recesso do
Congresso, o presidente da
Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB), dará início à instalação da CPI do BNDES. A comissão vai investigar contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social com suspeitas de irregularidades na concessão de empréstimos de 2003 e 2015. Cunha, que retoma os trabalhos depois de romper com a base aliada do governo, também iniciará outras quatro CPIs. A mais incômoda ao Planalto é a que investigará os investimentos dos fundos de pensão das empresas estatais, como
Petrobras e
Correios. A relação entre a presidenta e Cunha promete ser conturbada, já que Dilma depende do deputado para acelerar a aprovação das medidas provisórias do ajuste fiscal. Também em agosto devem vir à tona as primeiras denúncias do braço político da
Operação Lava Jato. Se não foram novamente adiados, saem neste mês os inquéritos de parlamentares como o próprio Eduardo Cunha, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB), a senadora Gleisi Hoffmann (PT), o ex-ministro Edison Lobão e mais de 20 outros políticos. A lista não para por aí. O Tribunal Superior Eleitoral investiga também neste mês a suposta presença de dinheiro ilícito na campanha da presidente Dilma. A suspeita ganhou força após a delação premiada de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC, que afirma ter doado 7,5 milhões de reais por temer retaliações nas licitações de obras públicas, além de colocar dinheiro em caixa dois. O Planalto será investigado também em agosto pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Dilma é acusada de atrasar repasses aos bancos públicos para o pagamento de benefícios para manter as contas com menores déficits — as chamadas “pedaladas fiscais”. O TCU passará o pente fino nas contas do governo, buscando irregularidades. A Advocacia Geral da União entregou um documento de defesa com mais de mil páginas, mas já admitiu que as “pedaladas” ocorreram. Nesse clima de desconforto, Dilma ainda terá que lidar com as manifestações populares marcadas para o próximo dia 16. Pela primeira vez, os partidos de oposição farão chamamentos para o povo comparecer ao ato contra o governo da presidenta. Organizado pelos grupos Movimento Brasil Livre, Revoltados Online e Vem Pra Rua, a primeira edição contou com 220.000 participantes, segundo o Datafolha — para a Polícia Militar foram 1 milhão de manifestantes. Historicamente, agosto não é um mês fácil para o cenário político, assim como não será para Dilma Rousseff. Em entrevista à coluna Painel, da
Folha de S. Paulo, um dos ministros do governo declarou que era preciso “combater o mês do cachorro louco”. Ele fazia referência a agosto e seus eventos tenebrosos que rondaram governantes neste mês. Alguns deles estão listados na galeria acima.