Brasil

Por críticas ao STF, MP abre processo administrativo contra Dallagnol

O coordenador da Lava Jato em Curitiba afirmou que três ministros formam "uma panelinha" e passam uma mensagem de "leniência com a corrupção"

Dallagnol: procurador se referia aos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski (José Cruz/Agência Brasil)

Dallagnol: procurador se referia aos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de abril de 2019 às 18h36.

Brasília — Por 10 votos a quatro, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) abriu um procedimento administrativo disciplinar contra o procurador Deltan Dallagnol — coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba — por afirmar que três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) formam "uma panelinha" e passam para a sociedade uma mensagem de "leniência com a corrupção".

Em entrevista à rádio CBN, em 15 de agosto de 2018, Deltan se referia aos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, ao criticar uma decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e que mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre formando uma panelinha, mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção. Objetivamente, Milton, eu não estou dizendo que estão mal-intencionados nem nada, estou dizendo que objetivamente a mensagem que as decisões mandam é de leniência. E esses três de novo olham e querem mandar para a Justiça Eleitoral como se não tivesse indicativo de crime? Isso para mim é descabido", disse Dallagnol ao jornalista Milton Young.

Um dia antes da entrevista de Deltan Dallagnol, a Segunda Turma havia determinado, no dia 14 de agosto de 2018, a transferência de termos de colaboração premiada da Odebrecht da Justiça Federal em Curitiba para a justiça federal e eleitoral do Distrito Federal. O conteúdo do material era sobre o ex-presidente Lula e o ex-ministro Guido Mantega.

"Agora, o que é triste ver é o fato de que o Supremo, mesmo já conhecendo o sistema, e lembrar que a decisão foi 3 a 1, os três mesmo de sempre do STF que tiram tudo de Curitiba e que mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre formando uma panelinha, assim mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção", afirmou Dallagnol.

Alvo de procedimento também no Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), esse mesmo processo havia sido arquivado em 2 de abril deste ano por entenderem que a declaração não extrapolou do direito de liberdade de expressão.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoMinistério PúblicoOperação Lava JatoSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP