Brasil

Por coronavírus, 57% da população brasileira está em isolamento

Florianópolis, Brasília, Porto Alegre e Recife são as capitais com mais adesão à quarentena. Medidas dos governadores estimulam população a ficar em casa

Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo: mais da metade da capital paulista está em isolamento social (Germano Luders/Exame)

Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo: mais da metade da capital paulista está em isolamento social (Germano Luders/Exame)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 1 de abril de 2020 às 19h30.

Última atualização em 2 de abril de 2020 às 03h13.

Mais da metade da população brasileira está em isolamento em razão da crise do coronavírus. É o que mostra um levantamento da startup brasileira In Loco com base em uma tecnologia que analisa dados de mais de 60 milhões de dispositivos móveis em todo o Brasil.

A empresa de geolocalização criou o Índice de Isolamento Social, que permite mapear a movimentação de pessoas dentro de regiões específicas e medir quais apresentam maior distanciamento social.

A pedido da EXAME, a In Loco aplicou a tecnologia do Índice de Isolamento Social às capitais brasileiras, onde vivem cerca de 50 milhões de pessoas.

O último dado disponível, no dia 30 de março, mostra que Florianópolis é a capital que mais aderiu ao isolamento social, com 63% da população reclusa em casa. Na sequência estão Porto Alegre, Brasília e Recife, as três na faixa dos 60%.

Boa parte das capitais brasileira está no patamar de 50%. Veja o ranking abaixo:

(Fonte: In Loco / Gráfico: Arte/Exame)

Desenvolvida há menos de dez dias, a ferramenta é gratuita para os governos acessarem. Até agora, 20 estados já fecharam parceria com a empresa e estão começando a receber relatórios que trazem dados cartográficos e estatísticos, dos quais é possível inferir o percentual de pessoas que não se deslocaram do bairro onde moram.

“A ideia foi aplicar nossa tecnologia de geolocalização para ajudar a orientar as autoridades e os governos a ter iniciativas mais assertivas na crise”, diz André Ferraz, sócio-fundador e presidente da In Loco.

A cidade de Recife, onde fica a sede da In Loco, foi a primeira a usar a ferramenta para agir na contenção da propagação da covid-19.

Com as informações do fluxo de pessoas nas ruas, a prefeitura tem enviado carros de som e de bombeiros aos bairros onde são identificadas baixa adesão ao isolamento social para conscientizar a população do risco de disseminação do coronavírus.

(Fonte: In Loco / Mapa: Arte/Exame)

Com base nos dados da startup, é possível notar que a adesão ao isolamento se intensificou a partir do dia 21 de março. Na data, o Brasil havia registrado mais de 1.000 casos de infectados. No mesmo dia, governadores passaram a divulgar medidas de restrição, como o fechamento do comércio e de atividades não essenciais.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, 55% da população estava isolada no sábado 21 de março, data em que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou quarentena por 15 dias no estado como medida de combate à pandemia.

No dia anterior, 20 de março, o percentual da população em isolamento era de 35%. Nos últimos dez dias, o índice da capital paulista não ficou abaixo de 50% em nenhum dia.

Os dados da In Loco mostram também que o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro no dia 24 de março, pedindo o fim do "confinamento em massa" e o retorno ao trabalho, não surtiu efeito.

Em todas as capitais, o índice de isolamento social se manteve estável ou subiu ligeiramente no dia seguinte ao pronunciamento do presidente em cadeia nacional de rádio e TV.

Apesar da adesão inicial, o indicador que mede o distanciamento social tem se mostrado estável em todo o país nos últimos dias.

“É preocupante que os números no Brasil não estejam evoluindo. Cerca de 45% da população ainda resiste ao isolamento e isso coloca em risco a estratégia de contenção da pandemia”, diz Ferraz, cuja empresa atua normalmente com geolocalização aplicada ao varejo e à segurança bancária.

A tecnologia da In Loco consegue coletar a informação da localidade do aparelho por meio de sensores presentes nos smartphones, como Wi-Fi, Bluetooth, GPS, entre outros. Mas a empresa não tem acesso aos dados de identificação civil do dono do celular, como nome, RG, CPF e endereço de e-mail, por exemplo.

Países como China e Coreia do Sul já utilizaram tecnologias de monitoramento populacional para frear o avanço do coronavírus e foram bem-sucedidos com a estratégia. Resta saber se no Brasil a tecnologia também terá papel decisivo na contenção da pandemia que já matou quase 50.000 pessoas no mundo.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEpidemiasFlorianópolisPorto AlegreRecifesao-paulo

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas