Brasil: O uso experimental do Annita é feito desde abril em 17 hospitais, segundo o ministério. Os testes clínicos em andamento contam com investimento de R$ 5 milhões dos R$ 352,8 milhões que a pasta recebeu como crédito para o combate à covid-19 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de maio de 2020 às 16h37.
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, afirmou nesta terça-feira, 19, que a pasta iniciará uma nova fase de estudo experimental da nitazoxanida em pacientes com covid-19. O medicamento tem nome comercial Annita e é indicado para viroses e como vermífugo. Em entrevista realizada no Palácio do Planalto, Pontes disse que mais 500 pacientes deverão participar do novo teste experimental do medicamento.
Esses pacientes não pertencem ao grupo que já iniciou outro teste com o medicamento no mês passado. Em 15 de abril, Pontes informou que um estudo brasileiro da nitazoxanida indicou eficácia de 94% da droga contra células infectadas com o novo coronavírus. Na ocasião, Pontes anunciou também que 500 pacientes internados receberiam o medicamento em caráter experimental. "No máximo na metade de maio teremos uma solução de tratamento. Um remédio sem efeitos colaterais, (com estudo) desenvolvido pela pesquisa brasileira com todo o rigor científico", afirmou à época. Mais de um mês após a declaração de Pontes, não há perspectiva de conclusão.
"Agora vamos fazer uma fase dos testes com tratamento precoce, ou seja, a pessoa testou positivo ela já vai poder entrar nos testes clínicos", disse hoje o ministro. O novo ensaio clínico deve começar semana, segundo o secretário de Políticas para Formação e Ações da pasta, Marcelo Morales."Quando nós tivermos isso (resultados experimentais) a gente vai ter um remédio que a gente pode utilizar para tratar a covid no estágio inicial, o que certamente evita que as pessoas progridam no agravamento da doença e evita a superlotação de hospitais", declarou.
O uso experimental da nitazoxanida é feito desde abril em 17 hospitais, de acordo com o ministério. Os testes clínicos em andamento contam com investimento de R$ 5 milhões dos R$ 352,8 milhões recebidos como crédito extraordinário pela pasta para uso no combate à pandemia. Pontes explicou que os pacientes que fazem parte do ensaio clínico recebem o "tratamento normal" da doença que inclui a prescrição de antitérmicos, antibióticos e anticoagulantes, além da nitazoxanida.
Essa primeira etapa de testes continuará em andamento paralelo ao novo protocolo anunciado nesta terça. Segundo o ministro, a "demora" na conclusão da primeira leva dos testes se deve ao tempo requerido para os pacientes adentrarem nos ensaio clínicos que depende de sintomas padrão pré-requisitos para participação do experimento. O secretário de Políticas para Formação e Ações explicou que o protocolo em andamento prescreve a droga para pacientes com pneumonia que apresentem tosse e febre.
"Nesse segundo protocolo a ideia é que não precise nenhum desses sintomas (de pré-requisito), é só o resultado positivo e já pode entrar no teste, o que vai acelerar bastante (o estudo)", disse Pontes. O ministro ressaltou ainda que o protocolo do estudo já iniciado não permite a divulgação de resultados parciais e também não tem previsão de conclusão, pois depende da seleção de pacientes aptos.
Entretanto, para o tratamento de casos iniciais da doença a aposta do presidente Jair Bolsonaro é outra. O chefe do Executivo quer editar uma nova recomendação para o uso da cloroquina para casos leves da doença. Atualmente, a droga é recomendada para os casos mais graves. A ampliação da indicação de uso do medicamento foi uma das divergências que levou a saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde na semana passada.