Mais de 700 pessoas já morreram por causa das chuvas no Rio de Janeiro (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2011 às 14h53.
São José do Vale do Rio Preto, Rio de Janeiro - O município de São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, foi um dos sete atingidos pelas fortes chuvas que caíram na semana passada.
O rio Preto, que divide o centro urbano ao meio, transbordou e trouxe destruição nunca vista na história do município. O nível da água em seu leito ainda impressiona. Praticamente todas as casas construídas às margens do rio foram parcial ou completamente destruídas. Nem a sede da prefeitura sobreviveu à fúria da enchente.
A lama cobriu as ruas levando carros e tudo mais que estivesse pelo caminho. Embora a tragédia tenha ocorrido há sete dias, é difícil prever quando a cidade voltará à normalidade. A prefeitura orienta os moradores para que enterrem o lixo orgânico, pois a coleta está suspensa.
Equipes da concessionária de energia elétrica estão por toda a parte, como pôde constatar a Agência EFE, tentando restabelecer o serviço. Nas rádios locais, a todo momento são feitos apelos para doações, recrutamento de voluntários e trabalhadores. Também são divulgados nomes de pessoas desaparecidas.
Ambulâncias, viaturas da polícia, caminhões do Exército e da Defesa Civil rodam pela cidade. Todo esse alvoroço contrasta com o olhar perdido dos moradores que, com botas, pás e muita força de vontade, tentam recuperar o pouco ou nada que sobrou.
O comércio abre de forma tímida, o que dificulta ainda mais o dia a dia dos riopretanos. Uma central de gerenciamento de desastres foi criada na praça central da cidade, perto da igreja matriz, onde moradores, voluntários e agentes públicos se reuniram na tarde desta terça-feira na missa das 18h. Enquanto isso, homens do Exército e voluntários descarregavam caminhões com doações.
São José do Vale do Rio Preto é o maior produtor de hortifrutigranjeiros do estado do Rio. A secretária de Planejamento e Gestão da cidade, Silvana Pires, estima que 80% da produção foi perdida. De acordo com dados totalizados até a manhã desta quarta-feira, quase 200 mil aves morreram. A avicultura é outro forte componente da economia local.
"Nosso PIB vai cair, e muito. O que não foi destruído pela enchente, agora não tem como sair do município, porque o maior problema agora é o escoamento da produção. As estradas para as áreas de produção estão destruídas", lamentou Silvana.
O Governo Federal já liberou R$ 2 milhões para a reconstrução da cidade, uma das sete da região que estão com estado de calamidade decretado pelo governador Sérgio Cabral, para facilitar a aplicação dos recursos.
Segundo o Governo Municipal, sete pessoas foram encontradas mortas na cidade, mas nenhuma delas é moradora local. Segundo a fonte, os corpos foram trazidos de outras cidades pela enchente, provavelmente de Teresópolis, vizinha de São José e o segundo município mais atingido pela tragédia no estado depois de Nova Friburgo.
Mais de 2 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas - cerca de 80% delas estão em casas de parentes ou amigos, os demais em abrigos da Prefeitura - na cidade, enquanto 127 casas foram totalmente destruídas, 128 parcialmente destruídas, 87 sofreram abalos estruturais e 339 foram inundadas mas estão de pé, e devem passar por uma vistoria que avaliará se ainda podem ser utilizadas.
São José tem pouco mais de 20 mil habitantes e é cortada pelo rio Preto, sobre o qual há várias pontes, muitas delas agora destruídas ou com fortes abalos em sua estrutura, entre elas a Ponte Preta, símbolo da cidade, que foi carregada pelas águas.