Brasil

Policiais podem ter sido omissos em chacina na zona sul

“Eles [policiais] estavam na avenida. Eles viram tudo. Os caras [ocupantes da moto] passaram por eles [policiais]. Eles não fizeram nada, porque eles não quiseram"

Policiais Militares na Zona Norte de São Paulo: todas as testemunhas disseram ainda ter escutado muitos disparos naquela noite (Marcelo Camargo/ABr)

Policiais Militares na Zona Norte de São Paulo: todas as testemunhas disseram ainda ter escutado muitos disparos naquela noite (Marcelo Camargo/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 16h45.

São Paulo – Amigos das três pessoas mortas a tiros dentro de um bar na noite de quarta-feira (21) no Jardim Boa Vista, zona sul da capital paulista, disseram que quatro policiais militares podem ter sido omissos na chacina. Segundo uma das testemunhas, cuja identidade a Agência Brasil vai preservar por questão de segurança, os PMs estavam nas imediações, mas não fizeram nada para impedir a fuga dos autores dos disparos – dois ocupantes de uma moto. Os quatro policiais que chegaram logo em seguida ao local do crime não ajudaram no socorro às vitimas e ainda recolheram as cápsulas das balas.

“Eles [policiais] estavam na avenida. Eles viram tudo. Os caras [ocupantes da moto] passaram por eles [policiais]. Eles não fizeram nada, porque eles não quiseram. Eles vieram andando pela Rua Albino Correia de Campos bem devagar, muito devagar. E nós gritamos para eles virem rápido, para socorrer [as vítimas] e eles não quiseram”, contou a testemunha à reportagem da Agência Brasil.

Essa testemunha relatou ainda que, após a chacina, que ocorreu por volta das 22h30, os quatro policiais militares entraram no bar para recolher as cápsulas dos tiros. “Eles [policiais] só foram lá, pegaram as cápsulas e foram embora. A única coisa que eles fizeram foi isso. Pegaram [as cápsulas] na cara de pau, na cara dura. Não tiveram vergonha”, declarou.


Outros moradores da rua Albino Correia de Campos e amigos das vítimas confirmam que os policias militares que presenciaram a chacina se omitiram. “Eles ficaram de braços cruzados diante do crime”, disse um outro vizinho.

Um amigo dos mortos conta que precisou usar o próprio carro para levar ao hospital as três pessoas feridas com mais gravidade: a promotora de eventos Luciene Luzia Neves, 24 anos, o tapeceiro Alexandre Figueiredo, 38 anos, e o eletricista de automóveis Marcos Faustino Quaresma, 31 anos. Os três não resistiram.

Segundo ele, os policias militares recusaram-se a prestar socorro aos feridos. “Falamos para a polícia colocar [os baleados] no carro deles, eles não quiseram”, disse. A testemunha contou que se indignou com a recusa. “Eles [policiais] estavam com nojo de sujar o carro deles? Meu carro está todo sujo de sangue, nem quero saber”, revoltou-se.

Todas as testemunhas disseram ainda ter escutado muitos disparos naquela noite. “Ouvi muitos tiros. Chegamos [no bar] e vi que eram os meus colegas que estavam no chão. Cheguei com várias pessoas junto”, declarou.

A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar para repercutir as acusações e foi informada de que a corporação não recebeu denúncias referentes à suposta ação desses policiais. A assessoria declarou ainda, por meio de nota, que a Corregedoria de PM precisa receber, mesmo que de forma anônima, as acusação para que possa ser feita uma apuração circunstanciada.

Acompanhe tudo sobre:Crimecrime-no-brasilPolícia MilitarViolência urbana

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP