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Policiais envolvidos em chacina no Pará são afastados

Os agentes entregaram suas armas e deixarão suas atividades por 40 dias, prorrogáveis por mais 20, tempo previsto para a conclusão do inquérito

Chacina: o afastamento dos agentes é temporário (Thinckstock/Thinkstock)

Chacina: o afastamento dos agentes é temporário (Thinckstock/Thinkstock)

AB

Agência Brasil

Publicado em 26 de maio de 2017 às 17h54.

A Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Pará afastou 21 policiais militares e oito policiais civis que participaram da operação, na última quarta-feira (24), que terminou na morte de dez trabalhadores rurais sem terra, em Pau D'Arco, no sudeste do estado.

Segundo a assessoria da pasta, o afastamento dos agentes é temporário, em conformidade com uma resolução do Conselho estadual de Segurança Pública.

Ontem (25), a seccional paraense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) já havia cobrado o afastamento dos policiais envolvidos.

Os agentes entregaram suas armas e deixarão suas atividades por 40 dias, prorrogáveis por mais 20 - tempo previsto para a conclusão do inquérito instalado para apurar se houve excessos por parte dos policiais e apurar as eventuais responsabilidades.

A chacina ocorreu na última quarta-feira (24), durante ação policial para cumprir 16 mandados judiciais expedidos pela Vara Agrária de Redenção (PA) contra integrantes do grupo de sem terra suspeitos de participar do homicídio do vigilante da fazenda Marcos Batista Montenegro, no dia 30 de abril.

Os policiais afirmam que foram recebidos a tiros na fazenda e que, por isso, reagiram.

Horas após a operação, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa apresentaram à imprensa onze armas apreendidas na área ocupada pelos sem terra - entre elas um fuzil 762 e uma pistola Glock modelo G25.

Na avaliação do presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Darci Frigo, que integra a comitiva federal que chegou ontem à região para ouvir as testemunhas do caso e acompanhar as investigações, não há, até agora, indício que sustente a versão dos policiais.

"As pessoas estavam acampadas no meio do mato, em um local de muito difícil acesso. Chovia torrencialmente, o que pode explicar que o grupo não tenha percebido a aproximação da polícia. Mesmo assim, o grupo [sem terra] tinha uma vantagem muito grande em relação aos policiais, pois já estavam dentro da mata. Então, a tese de que os policiais foram recebidos a bala cai por terra à medida que não houve sequer um policial ferido", disse Frigo em entrevista à Agência Brasil.

De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, há pelo menos um sobrevivente do episódio que foi alvejado pelas costas e está internado e sob proteção policial.

Entre os mortos, sete pertencem a uma mesma família - entre eles, a presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais de Pau D'Arco, Jane Júlia de Oliveira, e seu marido, Antonio Pereira Milhomem.

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