Polícia Civil do RJ: durante paralisação dos policiais, delegacias vão funcionar com 30% do efetivo (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2014 às 19h17.
Rio de Janeiro - Policiais civis do Rio de Janeiro fazem paralisação de 24 horas nesta quarta-feira (21).
Eles reivindicam a incorporação da gratificação Delegacia Legal aos vencimentos dos policiais ativos, inativos e pensionistas.
Segundo o governador do estado, Luiz Fernando Pezão, as forças de segurança ganharam mais de 120% de aumento nos mais de sete anos de governo do PMDB e concedeu o dobro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para policiais militares e civis, além de agentes penitenciários e bombeiros.
Durante a paralisação dos policiais, as delegacias vão funcionar com 30% do efetivo, como determina a lei de greve, para atender as ocorrências essenciais, que se resumem a registrar os fatos praticados por violência ou grave ameaça.
As investigações da Polícia Civil, bem como a tomada de depoimentos de envolvidos em inquérito, serão adiadas.
O governador Luiz Fernando Pezão disse que apesar dos aumentos concedidos à categoria, os salários na área de segurança ainda não estão no nível ideal. Não mencionou que patamar salarial seria apropriado.
"Não sei qual será a adesão. Conversei com [dirigentes do] sindicato e não vejo essa motivação para a greve. Acabamos de dar o dobro do IPCA. Quem dera eu conseguisse fazer isso com todo funcionalismo público. Não é o ideal ainda, mas estamos nos esforçando. Quando entramos [no governo, em 2008, ele como vice do ex-governador Sérgio Cabral Filho], o estado gastava com segurança pública R$ 2,2 bilhões. Hoje gasta mais de R$ 9 bilhões. Agora, para dar mais reajuste tem que ter recurso. Se eu tiver espaço pra dar mais aumento, não deixarei de fazer", disse.
Pezão esclareceu que tem até 3 de julho [prazo limite para concessão de aumentos, devido às eleições majoritárias] para analisar esses números.
"Não vou cometer nenhuma loucura, dando um aumento que não possa pagar depois, e perder todas as conquistas que tivemos. Hoje o funcionalismo trabalha 30 dias e recebe no primeiro dia útil [do mês seguinte] e tem o décimo terceiro [salário] em dia. Não vou fazer isso no último ano de governo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Teve uma decisão do Supremo, proibindo essa greve. As reivindicações são justas, de todos os segmentos, mas aqui a gente fez o dever de casa. Claro que se puder dar mais, darei mais. Mas não agora. Acabei de dar um reajuste de 12%", explicou.
Segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sindpol-RJ), a adesão à paralisação é grande, e a categoria está aderindo a um protesto convocado pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), que tem o objetivo de reivindicar as péssimas condições de trabalho e salário das forças policiais do Brasil, englobando as polícias Civil, Militar, Federal e Polícia Rodoviária Federal.
O presidente do Sindpol-RJ, Francisco Chao, quer que os compromissos firmados entre o governo e a categoria sejam cumpridos.
"Eu estive hoje de manhã com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, conversei com ele sobre isso, e ele me disse que já alertou o governo que o nosso movimento não é nem oportunista, nem político, e que ele apoia o movimento. A gente espera que o governo tenha bom senso para entender que compromissos firmados devem ser cumpridos, principalmente o compromisso firmado pelo governador Sérgio Cabral [na época], cujo grande avalista é o secretário de Segurança, para acabar com o abismo salarial entre delegados e agentes, que no Rio de Janeiro é o maior do Brasil", disse Chao.
A categoria marcou uma assembleia geral para as 19h de amanhã (21), no Club Municipal, na Tijuca, para determinar os rumos do movimento.
Em nota, a Polícia Civil informou que considera a paralisação inadequada, já que há uma negociação em andamento com o governo do estado para tratar de questões salariais.
Todas as medidas necessárias visando o bom atendimento à população serão tomadas pela chefia, que acredita no bom senso da categoria para manter o canal de negociação aberto, assegurando a evolução das discussões.
A Polícia Militar não acredita em movimento da tropa para uma paralisação amanhã, e o comandante-geral da PM, coronel José Luis Castro Menezes, disse que não identificou, até o momento, nenhuma real ameaça de greve.