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Policiais admitem que mentiram e forjaram confronto com vítima

Hoje estão sendo julgados apenas os policiais responsáveis pela morte de Paulo Henrique Porto de Oliveira, morto no dia 7 de setembro de 2015

PM-SP: durante seu testemunho, um dos policiais admitiu ter efetuado dois disparos contra a vítima, que estava rendida e desarmada (./Wikimedia Commons)

PM-SP: durante seu testemunho, um dos policiais admitiu ter efetuado dois disparos contra a vítima, que estava rendida e desarmada (./Wikimedia Commons)

AB

Agência Brasil

Publicado em 13 de março de 2017 às 20h30.

Última atualização em 14 de março de 2017 às 09h20.

Durante júri popular, dois dos três policiais acusados pela morte de Paulo Henrique Porto de Oliveira, morto no dia 7 de setembro de 2015, na região do Butantã, na zona oeste da capital paulista, admitiram hoje (13) ter mentido em depoimentos anteriores e que plantaram uma arma próxima à vítima para forjar um confronto.

O policial Tyson Oliveira Bastiane, 28 anos, foi o primeiro a ser ouvido hoje. Seu depoimento teve início por volta das 17h, logo após o depoimento de três testemunhas de defesa, uma delas ouvida de forma privada.

Durante seu testemunho, Bastiane admitiu ter efetuado dois disparos contra a vítima, que estava rendida e desarmada. Segundo Bastiane, ele atirou contra a vítima porque ela teria tentado pegar sua arma.

Bastiane também admitiu ter mentido nos depoimentos anteriores dados a investigadores do caso, quando disse que houve confronto e que Paulo teria atirado contra eles. Indagado porque mentiu sobre isso, Bastiane disse que o fez "por desespero" e por desconhecimento jurídico.

Já Silvano Clayton dos Reis, que patrulhava com Bastiane no dia do crime, admitiu no depoimento que forjou o confronto, retirando uma arma da viatura policial em que estava e a colocando próximo ao corpo de Paulo.

Silvio André Conceição, o último policial a ser ouvido, foi o primeiro a chegar ao local do crime. Nas câmeras de segurança, ele aparece algemando Paulo e, mais tarde, quando os policiais Bastiane e Reis chegam ao local em uma viatura, ele aparece retirando as algemas de Paulo. Após ter as algemas retiradas, Paulo é morto por Bastiane.

Versões

Nas primeiras versões dadas a investigadores do caso, Bastiane e Reis disseram que atiraram em confronto, após Paulo ter disparado contra eles.

No entanto, imagens de câmera de segurança mostraram que Paulo se entregou e que estava desarmado no momento em que foi baleado por Bastiane.

As imagens mostram que Paulo, antes da chegada de Reis e Bastiane ao local do crime, chegou a ser algemado pelo policial Silvio André Conceição. Mas quando Reis e Bastiane chegaram, ele foi desarmado e então levado para um muro, onde foi baleado e morto.

As imagens não mostram o momento em que Paulo foi baleado. Os réus dizem que, nesse momento, Paulo tentou tirar a arma de Bastiane, que atirou nele, em desespero.

O crime

Paulo estava com Fernando Henrique da Silva, 23 anos, e foram mortos após praticarem um roubo de moto e tentarem fugir dos policiais.

Imagens feitas pelo celular de uma testemunha mostraram um policial jogando Fernando de um telhado. Já uma câmera de segurança mostrou Paulo se entregando, desarmado e sendo colocado contra um muro, fora do alcance da câmera, momento em que foi morto.

O vídeo mostra ainda um dos policias pegando uma arma na viatura para forjar um confronto e justificar a morte do suspeito.

Hoje estão sendo julgados apenas os policiais responsáveis pela morte de Paulo. O julgamento do assassinato de Fernando foi marcado para o dia 27 de março.

Os três policiais que respondem pela morte de Paulo são acusados de homicídio doloso qualificado (com intenção de matar e por meio cruel, sem possibilidade de defesa da vítima), fraude processual, falsidade ideológica e porte ilegal de arma.

Testemunhas

Uma testemunha de acusação e três de defesa foram ouvidas na tarde de hoje. A testemunha de acusação, Marco Aurélio Barberato Genghini, responsável pela investigação do caso na Corregedoria, disse que os réus mentiram em depoimento e que mataram a vítima já rendida e desarmada.

Uma das testemunhas de defesa disse que foi salva por Reis durante um sequestro relâmpago em 2015. O testemunho dela fez Reis chorar muito e também arrancou lágrimas de várias pessoas da plateia. No entanto, não comoveu os jurados.

Duas mulheres e cinco homens compõem o júri popular que vai decidir se absolve ou condena os três policiais.

A decisão dos jurados só será conhecida após o depoimento das testemunhas de acusação e de defesa, o interrogatório dos três réus e os debates do promotor responsável pela acusação e dos advogados de defesa.

Como hoje foram ouvidas as testemunhas e os réus, a previsão é que fique para amanhã os debates e, possivelmente, a decisão dos jurados.

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