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Polícia turca usa gás lacrimogênio brasileiro, diz AI

A Anistia Internacional informou que latas de gás usadas contra manifestantes tinham a inscrição "made in Brazil"


	Tropa de choque da polícia atiram gás lacrimogênio: no final de 2011, ativistas já haviam relatado que gás lacrimogênio brasileiro estava sendo usado contra manifestantes no Bahrein.
 (Reuters)

Tropa de choque da polícia atiram gás lacrimogênio: no final de 2011, ativistas já haviam relatado que gás lacrimogênio brasileiro estava sendo usado contra manifestantes no Bahrein. (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2013 às 14h29.

Rio de Janeiro – Gás lacrimogênio produzido no Brasil tem sido usado pela polícia turca para dispersar manifestantes que ocupam as ruas de cidades da Turquia, em protestos recentes. A informação foi confirmada pela organização não governamental (ONG) Anistia Internacional, que informou que latas de gás usadas contra manifestantes tinham a inscrição "made in Brazil". Gases produzidos em outros países também foram usados, segundo a ONG.

O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Christopher Gaffney, que foi à Turquia participar de um congresso de arquitetura, estava na praça Taksim, em Istambul, durante conflito em que os manifestantes foram atingidos por latas do gás brasileiro.

“Quando cheguei a Istambul no sábado (1), era um cenário de confusão total. A polícia lançava o gás com uma espingarda. Também ouvi falar sobre helicópteros que estavam sobrevoando a área e jogando as latas do alto. Eu vi pessoas feridas com o impacto e houve caso de uma pessoa que perdeu um olho quando foi atingida na cabeça. [As latas] têm a marca da bandeira brasileira, o que não deve dar uma impressão muito boa para os turcos”, disse Gaffney.

A Anistia Internacional condenou o uso de gás lacrimogênio contra os manifestantes. “Canhões de água e gás lacrimogênio não deveriam ser usados contra manifestantes pacíficos. Estamos particularmente preocupados com o uso de gás lacrimogênio em ambientes confinados, que representa um grande risco para a saúde”, disse o diretor da Anistia Internacional para Europa e Ásia Central, John Dalhuisen, em comunicado divulgado ontem (3).


A atuação da polícia turca contra manifestantes foi criticada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que pediu hoje (4) às autoridades daquele país que investiguem abusos cometidos pelos agentes. O próprio primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Ergodan, admitiu que houve “erros, excessos na resposta da polícia”.

A empresa Condor Tecnologias Não-Letais, sediada na Baixada Fluminense, confirmou que fornece gás lacrimogênio para a polícia turca e que é a única fornecedora brasileira desse tipo de armamento para a Turquia.

Segundo a assessoria de imprensa da Condor, há uma recomendação das Nações Unidas para que polícias de todo mundo usem equipamentos desse tipo, já que armas não letais reduzem as possibilidades de morte em confrontos. Ainda de acordo com a empresa, os compradores são treinados e orientados a usar corretamente o equipamento.

No final de 2011, ativistas já haviam relatado que gás lacrimogênio brasileiro estava sendo usado contra manifestantes no Bahrein, uma monarquia árabe localizada no Golfo Pérsico. A Condor informou que negocia esses equipamentos com vários países, mas que nunca vendeu-os para o Bahrein. De acordo com a empresa, naquela ocasião, o equipamento foi provavelmente usado por tropas de outros países árabes que são clientes da empresa brasileira e ajudaram o governo baremita.

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