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Polícia prende no Rio dois suspeitos de matar Marielle Franco

Roni Lessa, policial militar reformado, é suspeito de ter atirado no carro onde estavam a vereadora e o motorista Anderson

Marielle: nesta quinta-feira completa-se um ano da morte da ex-vereadora (//Divulgação)

Marielle: nesta quinta-feira completa-se um ano da morte da ex-vereadora (//Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2019 às 06h25.

Última atualização em 12 de março de 2019 às 10h44.

Rio de Janeiro — Uma operação conjunta do Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e da Polícia Civil do Rio de Janeiro, prendeu na madrugada desta terça-feira (12) dois suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes no dia 14 de março de 2018.

Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, foram denunciados por homicídio qualificado e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves — que também estava no veículo atacado.

Segundo o Ministério Público, as prisões ocorreram por volta das 4h durante a Operação Lume, realizada na residência dos suspeitos. Os dois foram denunciados depois de análises de diversas provas.

Lessa teria sido o autor dos disparos de arma de fogo e Elcio, o condutor do veículo Cobalt utilizado na execução. O MP informou que o crime foi planejado de forma meticulosa durante os três meses que antecederam os assassinatos.

Além dos mandados de prisão, a Operação Lume cumpre mandados de busca e apreensão em endereços dos dois acusados para apreender documentos, celulares, computadores, armas, munições e outros objetos. Lessa foi preso em casa, na Barra da Tijuca, no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem casa. 

No total, são 34 endereços ligados a seis pessoas suspeitas de estarem ligadas aos assassinatos. Outra informação da investigação é que, desde outubro de 2017, Lessa fazia pesquisas na internet sobre a vida de Marielle e Marcelo Freixo, assim como sobre o modelo da arma que a polícia suspeita que tenha sido usada no momento do crime.

Para agilizar as investigações, que já duram quase doze meses, foi definido que o inquérito seria desmembrado em duas partes. A primeira, iniciada hoje, para identificar os atiradores. A segunda, ainda em andamento, para chegar aos mandantes. Segundo o MP, há a certeza de que havia três pessoas dentro do carro.

Na denúncia apresentada à Justiça, o Gaeco/MP-RJ também pediu a suspensão da remuneração e do porte de arma de fogo de Lessa, a indenização por danos morais aos parentes das vítimas e a fixação de pensão em favor do filho menor de Anderson até completar 24 anos de idade.

Operação Lume

Segundo o MP, o nome da operação é uma referência a uma praça no centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia um projeto chamado Lume Feminista. No local, ela também costumava se reunir com outros defensores dos direitos humanos e integrantes do seu partido, o PSOL.

“Além de significar qualquer tipo de luz ou claridade, a palavra lume compõe a expressão ‘trazer a lume’, que significa trazer ao conhecimento público, vir à luz”, informa o comunicado do MP.

“É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”, diz a denúncia, acrescentando que a ação foi um golpe ao Estado Democrático de Direito.

Labirinto Marielle

A prisão dos envolvidos na morte da ex-vereadora do PSOL elucida uma de inúmeros questionamentos que ainda precisam ser respondidos pelos investigadores.

No mês passado, a Anistia Internacional divulgou um relatório intitulado "Labirinto Marielle", em que são apontadas 20 perguntas ainda sem resolução.

“É de extrema preocupação que um lote de munição da Polícia Federal tenha sido desviado, usado em homicídios, e que depois de tanto tempo as autoridades não tenham dado uma explicação satisfatória para isso", diz a diretora da Anistia Internacional, Jurema Werneck.

Nas redes sociais, a viúva de Marielle, Mônica Benicio, parabenizou os envolvidos nas prisões desta terça-feira, mas exigiu continuidade nas investigações para saber quem foi o mandante do crime e não apenas os executores.

Marinete Silva, mãe de Marielle, também se disse aliviada pelas respostas, mas cobrou elucidação sobre quem foram os mandatários.

"A dois dias de completar um ano da morte da minha filha é um alívio saber que a polícia prendeu os suspeitos. Hoje, tenho certeza de que estamos no caminho certo. Já era tempo de termos uma resposta, mas ainda é preciso saber quem mandou matar. A resposta para esse crime está incompleta", afirmou.

O deputado federal Marcelo Freixo disse que ainda não entende o que motivou o crime. "Como eu fiz a CPI da Milícias em 2008, eu convivo lamentavelmente com essa situação de ameaça há 10 anos. Não era o caso de Marielle", relatou.

Segundo o parlamentar, a ex-vereadora não tinha carro blindado, nem esse esquema de proteção "porque ela nunca recebeu nenhuma ameaça".

"Marielle não estava à frente de nenhuma ação direta que pudesse gerar suspeitas de que isso acontecesse com ela. A própria família sabe disso. Surpreendeu a todos essa ação contra Marielle", prosseguiu.

"Por isso que a gente precisa saber quem mandou esses dois assassinos, esses dois covardes, fazerem isso. Qual foi a motivação política? Quem em pleno século 21 no Rio de Janeiro é capaz de politicamente fazer uma coisa como essa? Isso é muito inaceitável, isso é um crime contra a democracia", completou.

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