Brasil

Polícia prende grupo que adulterava soja para exportação

Caminhões apreendidos deveriam estar carregados com 200 toneladas de soja, mas tinham apenas 20% do grão, o resto da carga continha milho e trigo de má qualidade


	Soja: quadrilha que pode ter desviado milhares de toneladas de soja em seis meses
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Soja: quadrilha que pode ter desviado milhares de toneladas de soja em seis meses (Paulo Fridman/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de março de 2014 às 12h57.

Araçatuba - Um esquema de adulteração de cargas de soja destinada à exportação pelo porto de Santos, que funcionava há meses no Estado de São Paulo, foi desmontado pela Polícia Civil, após a apreensão de três caminhões no porto de Santos e três em Salto Grande, no interior paulista.

Os caminhões, que deveriam estar carregados com 200 toneladas de soja, estavam com apenas 20% da carga ocupada pelo grão, o volume restante era formado por milho e trigo de má qualidade.

Quatro pessoas foram presas e três empresários - donos de tradings, empresas compradoras e revendedores de grãos, em Santos, Ourinhos e Assis, tiveram a prisão pedida nesta sexta-feira, 7, pelo delegado João Beffa, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ourinhos (SP).

Havia seis meses que ele investigava a atuação da quadrilha, que pode ter desviado milhares de toneladas de soja no período. "Esses dias, 13 caminhões tiveram de retornar do porto de Santos porque a carga não foi aceita", contou. "Infelizmente não apreenderam os carregamentos", lamentou.

Na tarde de quinta-feira, 6, Beffa decidiu dar o flagrante, em uma operação realizada num posto, na rodovia Raposo Tavares (SP-270), onde três caminhões aguardavam para seguir viagem a Santos. "Quando abrimos, constatamos que apenas 20% da carga, que ficava por cima, era soja. O restante, embaixo, era milho e trigo de má qualidade, sem preço de mercado", contou. "Mas sabemos que eles colocam outras coisas", completou.

Com motoristas e um batedor foram apreendidos uma arma, munições e R$ 49,5 mil em dinheiro, que seriam usados para corromper funcionários do porto, como o conferente, que recebia R$ 1.500,00 para liberar a carga.

"Empresários, donos de empresas de grãos, caminhoneiros, funcionários do porto de Santos, todos eles recebiam vantagens econômicas", disse o delegado. Na sexta-feira, foi a vez de a polícia de Santos apreender outros três caminhões com carga semelhante.

De acordo com Beffa, o esquema não é restrito apenas ao interior de São Paulo. "Estamos recebendo ligações de diversos cantos do Brasil denunciando a adulteração. Uma das ligações informou até que soja queimada em um silo que pegou fogo está sendo usada no golpe", contou. Segundo o delegado, a adulteração ocorre há muito tempo.

"Estamos investigando há seis meses, mas temos informações seguras que este crime com certeza ocorre há mais tempo", afirmou. O delegado disse que é possível que a adulteração também ocorra com outros produtos exportados pelo mesmo porto, mas não quis revelar quais.

Acompanhe tudo sobre:CommoditiesCrimecrime-no-brasilPolícia CivilSoja

Mais de Brasil

Explosões em Brasília são investigadas como ato terrorista, diz PF

Sessão de hoje do STF será mantida mesmo após tentativa de atentado

Moraes diz que tentativa de atentado em Brasília não é um fato isolado

Moraes autoriza buscas em endereços associados a homem morto em tentativa de atentado