Foto da chacina de Acari, no Rio de Janeiro: em comum em todos os casos, a suspeita de força desproporcional contra civis, todos em comunidades carentes (Reprodução/Facebook/Jornal A Nova Democracia)
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2016 às 21h10.
Entre sábado (2) e segunda-feira (4), as forças policiais do Rio de Janeiro se envolveram em três casos que mostram, em termos práticos reais, os motivos que a colocam como a mais violenta do Brasil – isso comprovado pelos números.
Em comum em todos eles, a suspeita de força desproporcional contra civis, todos em comunidades carentes do Rio.
No sábado, o menino Matheus Santos de Moraes, de 5 anos, foi atingido por um disparo em Magé, na Baixada Fluminense.
O autor do disparo seria um policial militar. Segundo o jornal O Dia, está sendo investigada a suspeita de que os policiais envolvidos na operação, que gerou um tiroteio com traficantes, fraudaram a cena do crime.
Foi essa morte que fez 12 ônibus serem queimados por moradores, revoltados com mais um episódio de letalidade policial.
No mesmo dia, João Batista Soares de Souza, de 29 anos, foi morto por um disparo dentro de casa, na favela de Manguinhos, na zona norte do Rio.
Reportagem do site Ponte aponta que um grupo de policiais e um ‘Caveirão’ – veiculo blindado da PM fluminense – estavam na região. Não havia tiroteio, segundo os moradores. O disparo na cabeça do homem, um trabalhador, foi fatal.
Sabe o que mas me deixa bolado?! Todos os dias nós estamos morrendo e você que legitima a morte em favela diz "mas eram...
Publicado por Maré Vive em Segunda, 4 de abril de 2016
No mesmo sábado dessas duas mortes se completou um ano da morte do menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, assassinado por uma bala perdida disparada por um PM no Complexo do Alemão, também no Rio.
Já nesta segunda-feira uma operação na favela de Acari, também na zona norte do Rio, acabou com cinco mortos. Segundo o jornal Meia Hora, a Polícia Federal contou com o apoio de policiais civis e militares para cumprir um mandado de prisão contra um traficante de 51 anos, cujo nome não foi revelado.
Ao G1, um delegado informou que os agentes foram recebidos a tiros. Já moradores dizem que não havia tiroteio e que as vítimas foram executadas.
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Publicado por Jornal A Nova Democracia em Segunda, 4 de abril de 2016
Moradores de Acari ocupam a rua em protesto à violência letal da operação da Polícia Federal junto com a CORE que deixou pelo menos 5 mortos hoje.
Publicado por Coletivo Papo Reto em Segunda, 4 de abril de 2016
“É muito preocupante que o número de pessoas mortas em operações policiais no Rio de Janeiro venha subindo significativamente desde 2013. Só no ano de 2015 foram cerca de 600 pessoas vítimas de homicídio decorrente de intervenção policial. A poucos meses dos Jogos Olímpicos, o Rio de Janeiro mostra que continua com uma política de segurança pública extremamente letal, especialmente em territórios de favelas e periferias”, afirmou, em comunicado à imprensa, o diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Atila Roque.
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Publicado por Anistia Internacional Brasil em Segunda, 4 de abril de 2016
Estudo mais recente sobre a violência no País, o Atlas da Violência 2016 apontou a polícia do Rio como a mais violenta do País – apontamento anteriormente já feito pela própria Anistia.
No total, o mesmo levantamento, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que 10% dos assassinatos anuais no planeta acontecem no Brasil, que registrou quase 60 mil homicídios em 2014.
A Organização das Nações Unidas (ONU) recentemente apontou que a polícia mata cinco pessoas por dia no País, em um cenário de impunidade e “preferência” por homens, jovens e negros quando o assunto é a letalidade policial.
Já a Human Rights Watch (HRW) revelou dados que mostram que policiais mataram 3 mil pessoas em 2015.