Baleia-Azul: o desafio é jogado por meio de grupos secretos nas redes sociais. Os participantes são induzidos a completar 50 desafios, no qual o último é tirar a própria vida (The Siberian Times/Reprodução)
Agência Brasil
Publicado em 5 de maio de 2017 às 21h29.
Uma adolescente de 17 anos tentou se matar nessa quinta-feira (4) em Minas Gerais ao se jogar de um muro de quase cinco metros no município de Teófilo Otoni.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros foi acionado para prestar socorro e encontrou a jovem consciente, mas queixando-se de dores no corpo.
Ela foi encaminhada a uma unidade hospitalar, onde assumiu que participava do jogo Baleia Azul, que incita o suicídio de jovens.
A adolescente relatou à polícia que já havia feito cortes nos braços em função do jogo e que tinha recebido o desafio de tirar a própria vida. A jovem contou também que foi ameaçada.
"Ela relatou que se tal desafio não fosse realizado, sua família sofreria as consequências de sua desistência no jogo", diz o boletim de ocorrência.
A Polícia Civil informou que uma investigação foi aberta. Os celulares da jovem serão recolhidos para serem submetidos à perícia.
O desafio da Baleia Azul é jogado por meio de grupos secretos nas redes sociais. Os participantes são induzidos a completar 50 desafios, no qual o último é tirar a própria vida.
As ordens iniciais são simples, como ver filmes de terror ou ouvir músicas depressivas, e vão evoluindo para tarefas mais dolorosas, como utilizar uma lâmina para desenhar uma baleia no braço.
Quem decide abandonar os desafios começa a receber ameaças dos administradores, entre elas, o assassinato de seus familiares.
Na Rússia, provável origem do jogo, segundo as investigações, mais de 100 mortes podem estar relacionadas ao desafio.
O nome do jogo está ligado à crença popular de que a baleia-azul tem um comportamento suicida e voluntariamente procura as praias para encalhar.
Este é o quarto caso em Minas Gerais ligado ao jogo da Baleia Azul investigado pela polícia. Em outros dois, um em Pará de Minas e outro em Manhuaçu, duas jovens ingeriram grande quantidade de medicamentos.
Em outro, uma mãe registrou ocorrência depois que o filho de 18 anos apareceu com uma baleia desenhada no braço com um objeto pontiagudo.
Uma das linhas de investigação tenta identificar os responsáveis por enviar os desafios e fazer ameaças. Já foram identificados números de telefones celulares de onde vem os comandos.
Entre eles, há alguns com o código DDD de Minas Gerais. Casos também estão sendo investigados em outros estados como Paraná, Mato Grosso, Pernambuco, Paraíba, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
A Polícia Civil tem uma lista de orientações aos pais para evitar que os filhos estejam expostos a crimes no ambiente virtual.
É recomendado ter acesso às redes sociais dos jovens, se inteirar das suas rotinas, observar mudanças de comportamento, manter diálogo frequente, estabelecer uma relação de confiança e estimular sua autoestima por meio de conversas que despertem o interesse acerca do seu futuro.
Em 2015, um estudo do Centro de Estudos Sobre Tecnologias da Informação e Comunicação (Cetic.br), entidade vinculada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), revelou que 11% dos jovens entrevistados para uma pesquisa sobre oportunidades e riscos online afirmaram já ter tido contato com conteúdos sobre formas de se ferir.
Outros 6% disseram que já leram no ambiente virtual sobre formas de cometer suicídio.
Segundo dados da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, o número de jovens entre 15 e 19 anos que tentaram se matar no estado aumentou quase 15 vezes de 2010 a 2016, passando de 94 para 1.402 casos.